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segunda-feira, 10 de setembro de 2012 0 comentários

Eu te amo!



   "Por alguns instantes pensei que isso fosse um sentimento que me fizesse sonhar, entretanto, sinto que vivo um grande pesadelo sem fim. Amar você é viver na condição de um condenado. Porque eu sei que você nunca me amará como te amo. 
   Digo todos os dias que vou te esquecer. Que nunca mais vou procurá-lo, que vou excluí-lo do meu pensamento. Não resisto e faço tudo de novo. Sempre disse que por ninguém choraria até você cruzar meu caminho. Por que razão meu coração resolveu baixar a guarda? Será que não mais existe juízo nele? Quem o enganou dizendo que você também podia um dia amá-lo? Será que ele nunca amará e será correspondido? Será que eu fiz algum mal que não pode ser perdoado; e que pagarei por este toda a minha vida?
    Meu coração não é tão forte quanto pensava. Ele não é um mostro, nem perverso para assim ser tratado. Tenha misericórdia de mim Senhor, pois, não aguento mais este martírio que parece não ter fim. Por acaso fui eu mandado para o inferno a fim de ser torturado? Os bons homens se vão, passando por nós sem que venhamos perceber. E os maus com palavras enganosas tentam nos seduzir, arrancando de nós a doçura de menina. Mutilando nossos corações como se fossem pedaços de carne. Devorando nossos sentimentos, simplesmente para saciar suas vontades insanas. E levam de nós o que há de melhor.
    Diga-me oh coração, tu és meu amigo ou inimigo? Para permitir que este se hospedasse sabendo que não terá cuidado algum contigo? Tu és tolo pensando que um dia ele terá misericórdia de ti quando se for. Um dia ele se cansará de ti e encontrará um lar que lhe pareça melhor e sem dizer adeus, partirá. E quem cuidará de ti? Responde-me! Por que não pensou nas consequências? 
    Estou desesperado por não saber quando esse tormento acabará; se é que ele terá fim algum dia. O amor que é citado como um bem que não se pode descrever... Lágrimas de alegria, de prazer. Mas só conheço dele lágrimas de grandes tristezas e dores profundas. Será que todos terão o direito de conhecê-lo, não somente em palavras, versos e prosas?
    Sou eu indigno de desfrutar de algo que me parece tão belo. E que com quatro letras produz as maiores sensações do universo. Não pode ser ele só uma palavra num dicionário. Porque muitos já mataram é já morreram em nome dele ou na busca de vivenciá-lo.
    Vou prosseguir a minha busca, levando este fardo que pesa mais que o mundo. Talvez um dia ele torne somente uma lembrança triste ou vire uma alegria constante. Quem sabe?"

– Autor desconhecido.

domingo, 9 de setembro de 2012 0 comentários

{IV} Romeu & Violeta - Decidido (Parte 1)



    Acordo às seis horas da manhã, levanto-me da cama e vou direto para o banheiro. Evito me olhar no espelho até que eu esteja com uma aparência apresentável. Tomo um banho e com a toalha enrolada na cintura, escovo meus dentes e visto o uniforme do colégio. Vestido, me visualizo no espelho: meus olhos castanho-escuros estão ativos, meus cabelos negros e rebeldes estão molhados. Penteio-os.
    Todo mundo sabe o quanto é difícil para um garoto admitir um sentimento. Principalmente se o sentimento é por uma garota que você pouco conhece. Quando admiti para Cristine – e para mim mesmo – que estou apaixonado por Violeta, me senti um bobo. Ela prometeu não contar a ninguém, nem a Violeta. Eu confio nela, claro. Porém, um lado em mim quer que Violeta saiba, outro não. Preciso me aproximar dela, me tornar um amigo ou um mero colega de intervalo. Só faz três semanas que a observo, e já estou assim.
    Tomo café e sigo para  o colégio. Quando chego, Christian está no portão, conversando com um garoto da nossa turma. Passo por ele dando uma aceno com a cabeça, então ele me segue. Christian! Ele não sabe de nada. Ele é meu melhor amigo, então já está mais do que na hora de contar. Ele se aproxima e andamos lado a lado até a sala de aula.
    – E aí, cara? – Ele me cumprimenta, dando um leve soco em meu ombro. – Tudo bom?
    – Tudo bem – respondo. – E você? O time de basquete da escola vai para as regionais?
    – Vou bem. Vamos sim, é mês que vem! – Ele responde um tanto entusiasmado.
    – Tenho que te contar uma coisa – digo. Entramos na sala de aula e sentamos em duas cadeiras no fundo.
    Abafamos toda a conversa para que o restante da turma presente não ouvisse. Foi muito difícil explicar, porque Christian sempre achou todo essa história de romance clichê. Eu, porém, nunca liguei. Ele franze a testa e diz:
    – Apaixonado? – De repente sua expressão muda e então começa a rir abertamente.
    – Fale baixo! – Peço, dando uma soco em seu ombro. – Sim, é isso.
    – Mas justo aquela garota do primeiro ano? – Ele pergunta quase sussurrando.
    – Sim – respondo erguendo as sobrancelhas. Ele ainda parece não acreditar. – Tenho que me aproximar dela.
    – Como é que é? – Ele pergunta como se eu tivesse dito uma palavra de baixo calão em rede nacional. – Faça como os "galãs" da escola, seja direto.
    – Não, isso é muito ridículo. O que ela vai pensar de mim? – Ele franzi a testa novamente e fica em silêncio olhando para mim.
    – Eu não sei, cara. – É, realmente ele não sabe. Ele nunca ficou atrás de uma garota, sempre foi um pouco egocêntrico.
    Tenho que arranjar alguma maneira de me aproximar dela. Eu posso entrar para o clube de dança. Não, não sei dançar e não tenho tendência para isso. Ou eu posso passar mais tempo na biblioteca, assim toda às vezes que ela for lá, eu  a verei e direi um "oi". Cristine pode me ajudar... Não, ela iria atrapalhar tudo porque é amiga da Violeta. Ah, não sei!
    – Eu vou falar com ela hoje não intervalo! – Vocifero. Christian me olha espantado.
    – E a biblioteca. E o Edmundo? – pergunta ele como se isso também fosse importante para ele.
    – A biblioteca pode esperar e Edmundo que chame uma daquelas garotas babonas para ajudá-lo! – digo por fim.


sábado, 8 de setembro de 2012 0 comentários

E. M. - Sentimento inatingível



    Eu te amo! 
    Por mais que eu lute contra esse sentimento, ele jamais se acaba. Por mais que você me recrimine ou me ignore eu ainda ouso te amar. Acho que isso prova que é um sentimento intenso e verdadeiro. Não há coisa melhor. Ou há? Como você diz, talvez seja mais engraçado do que querer alface ou tomate. 
    Dizem as más línguas que tudo que eu escrevo sobre você é clichê. Discordo, hoje eu discordo. Acho que é masoquismo. Mesmo porque escrever sobre e para você não me consola mais. Minhas palavras já não surtem mais efeito sobre você, parece que tudo é uma velha piada mal contada. Eu durmo e acordo pensando em você, e me pergunto por que você não está aqui, em meus braços, na minha cama. Eu sei a resposta, porém não aceito. Às vezes penso que a vida é injusta, ou se não está acontecendo, é porque não é para acontecer. 
    Eu te odeio! 
    Às vezes o modo que você fala comigo me leva a temperatura de ebulição. Eu te odeio por te amar, por te querer e por respirar você. Te odeio por você ser quem você é e por eu ser apaixonado por tudo isso. Eu te odeio por você me chamar por aquele apelido e te odeio por às vezes não chamar. Ah, também odeio seus erros de Língua Portuguesa, mas não os deixo de achar engraçados. 
    Dizer e ouvir seu nome me deixa irritado, pois me dá a sensação de que você está por perto. Mas o que eu mais almejo é sua presença constante para sempre. O que eu faço? Talvez um coração novo acabe com esse sofrimento. Ou talvez eu deva te matar em mim. Quaisquer que sejam as providências para o fim desse amor e dessa agrura, elas serão tomadas. Estou cansado, dilacerado e estilhaçado, repito. 
 I love and hate you. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012 0 comentários

{III} Romeu & Violeta - Apaixonado



    – Violeta. Violeta. – eu sussurrava o nome dela constantemente para mim enquanto fingia prestar atenção na aula de matemática. O professor Claudius estava revisando o conteúdo para a aprova bimestral.
    – O que foi que você disse? – Perguntou Christian, pela terceira vez. Ignorei. Como de costume, ele era minha dupla para estudar as partes da matéria em que tínhamos mais dificuldade. Rapidamente ele redirecionou sua atenção para o desenho do logotipo da banda Nirvana que fazia na carteira.
    O sinal tocou, para meu alívio. Guardei meu material na mochila; Christian se apressou em guardar o seu  e saiu da sala dizendo um "até mais!". Se não me engano, ele estava indo para o treino de basquete ou para reunião semanal do clube do Celibato. Passei a alça transversal da mochila pelo meu corpo e saí, apressadamente, da sala de aula. 
    Eu caminhava pelo longo corredor calma e tranquilamente. Mas meu coração acelerou quando vi Cristine e a garota de olhos escuros, Violeta, vindo na direção oposta. Cristine era uma amiga do mesmo ano que eu. Sua estatura era alta e tinha volumosos cabelos de tom escuro. Seu jeito alegre era contagiante, adorava conversar com ela. Nós três paramos no meio do corredor, frente a frente.
    – Romeu, oi! – Cristine, sorrindo, me cumprimentou com um beijo rosto, retribuí da mesma forma. Notei Violeta sorrir ao observar o movimento.
    – Oi, Cristine! – Sorri. Tentei não olhar para Violeta, que continuava a sorrir. – Como você está?
    – Estou muito bem. – Respondeu Cristine, pousando sua mão direita no ombro de Violeta. – Ah, essa aqui é minha amiga, Violeta, ela é do primeiro ano. Violeta, este é o Romeu.
    – Ah, prazer – ela disse estendendo a mão para mim.
    Mas que voz linda e doce, pensei. Vê-la falando me fez perceber que ela é mais meiga do que parece quando a observo de longe. Os músculos do meu rosto se contraíram e meu estômago congelou enquanto segurava sua mão. "Prazer", eu disse, com muita dificuldade, então nossas mãos se desvencilham.
    Cristine começou a me contar algo sobre uma campanha de proteção aos animais, mas involuntariamente eu me distraí com a beleza de Violeta. Sim, ela era mais bonita de perto. Ela intercalava seu olhar: ora para mim, ora para Cristine, ora para movimentação alheia do corredor.
    – Cristine, eu tenho que ir para o ensaio. Até mais tarde! – Ela interrompeu o discurso de Cristine sobre a campanha. Saiu apressadamente e sumiu no final do corredor, sem deixar Cristine se despedir.
     – Ensaio? – Perguntei, tentando parecer pouco interessado.
    – Sim, ela dança Hip Hop. – Cristine respondeu.
     Então ela dança Hip Hop? Interessante.
     Cristine me lança um olhar penetrante e abre um sorriso malicioso.
     – Você está a fim dela?
    – Claro que não! – Menti. Como ela percebeu? Podia ter sido o modo que eu olhava para Violeta, ou talvez  eu estivesse babando. – Por que acha isso?
    – Pelo modo que você olhou para ela desde que nos encontramos – ela tirou minha dúvida. – Você já teve alguma contato com ela?
    – Visual – respondi, simplesmente.
    – Você está gostando dela? – Cristine fez a pergunta que eu já esperava.
    – Não – respondi. Cristine fez menção de protestar. – Estou apaixonado por ela.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012 0 comentários

Cansei



    Estou cansado, dilacerado e estilhaçado. Há uma enorme insatisfação que me corrói por dentro. Palavras vazias, sorrisos incertos e olhares inexpressíveis. Tudo parece ser disforme, nada parece ser concreto. Essa insuficiência me atinge profundamente, deixando-me completamente insano. Meu interior está começando a entrar em estado de automutilação.
    Tento lutar contra tudo isso, mas está sendo difícil. Resistir já não é mais uma saída viável. Prometi aquela Libélula amiga que seria forte, mas não consigo. Lutar contra meu interior é um ato digno de Hércules. Esse complexo sentimental me deixa aflito a cada segundo que passa; sofrer já não compactua mais com nenhuma das minhas faculdades mentais. Estou ficando desesperado, já não tenho mais palavras que sirvam como consolo, ou que segure as pontas até esses dias tempestuosos passarem. Por favor, eu preciso de paz.
    Não aguento mais sustentar aquela imagem de garoto forte e frio. Cansei de fingir sentimentos que involuntariamente iludem algumas pessoas. Não quero mais que minha vida seja moldada por aquelas circunstâncias do qual já não tenho mais um bode expiatório para resistir. Eu já escolhi meu caminho, então não preciso mais interpretar aquele adolescente confuso que tem encenado nestes últimos dias.
    Meus sentimentos já pertencem a uma pessoa, somente a ela. Não quero dar mais esperanças a ninguém de que isso está mudando ou de que vai mudar. É muito bom ser amado e ouvir palavras doces, mas não é certo quando não posso dizer o mesmo. Tentei abrir mão desse sentimento que me domina, mas não consegui. Então, só me resta lamentar essa injustiça formal.
    Preciso renascer psicologicamente. Toda essa confusão está atrasando meus projetos, o que é de fato muito ruim para meu futuro. Eu preciso estancar esse sangramento do meu peito. Terei que tirar tudo a limpo, para que minhas esperanças sejam renovadas. Preciso de um tempo para organizar minha vida e, acima de tudo, preciso de você.
terça-feira, 4 de setembro de 2012 2 comentários

{II} Romeu & Violeta - Encalço



    Já se passou uma semana, e eu ainda não descobri o nome daquela garota de olhos escuros. Tenho uma justificativa: sou ajudante do bibliotecário da escola, então, passo a maior parte do meu tempo livre no colégio dentro da biblioteca. Nunca vi ela aqui na biblioteca, assim como nunca mais a vi desde aquele dia no intervalo do meio-dia. Talvez ela tenha vindo eu não tenha reparado, afinal, muitos veem aqui para pegar um livro para estudo ou distração.
    Christian deve estar na aula de basquete à essas horas. Eu ainda não contei a ele sobre meu interesse pela garota de olhos escuros. Ele poderia me ajudar muito, tanto quanto poderia me atrapalhar. Não é nada pessoal, apenas uma questão de princípios. Eu conheço bem o meu melhor amigo, e conheço bem o seu jeito de lidar com garotas. Então manterei esse assunto entre Eu e Eu, até a hora de contar a ele chegar.
    – Romeu. – Chamou-me Edmundo. Em seus braços havia uma pequena pilha de livros de capa marrom. – Organize esses livros na sessão de História novamente. – Ele diz me passando os livros.
    Edmundo é o bibliotecário da escola. Ele está em seu último ano no colégio, e no seu terceiro como bibliotecário. Ele cuida da biblioteca no período integral e estuda no período noturno. Edmundo faz um bom trabalho, mas às vezes muda sua atenção para as garotas que veem a biblioteca só para olhá-lo. É, a aparência dele chama a atenção sim: cabelos loiro-escuros, olhos claros e tem uma estatura alta, e também é muito inteligente. Que garota não olha?
    Caminho entre as inúmeras estantes de livros da biblioteca e finalmente chego na sessão de História. Me ajoelho no chão e começo a organizar os livros de capa marrom na prateleira, quando vejo de esguelha um grupinho de garotas entrar no corredor da sessão e passar por trás de mim. Depois de colocar todos os livros na prateleira, giro meu pescoço e vejo o grupinho parado na próxima sessão, a de Geografia ou Estudos Sociais. Elas demoram um tempo lá e depois todas saem com um livro na mão, ou quase todas.
    Uma garota de cabelos negros tenta alcançar um livro na prateleira de cima, quando uma de suas amigas a chama:
    – Violeta, vamos!
    A garota alcança o livro e sai da sessão para se juntar às suas amigas. É ela, é a garota de olhos escuros! Então é esse o seu nome? Violeta.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012 0 comentários

Querida Victória,



Escrevo a você consciente de tudo que conversamos e de todas as suas declarações. Eu nunca entendi o porquê desse seu estado apaixonado que me deixa sem palavras. Nunca imaginei que uma garota como você poderia de gostar de alguém de um mundo tão diferente como o meu. Realmente eu me surpreendi com todas as suas palavras e todos os seu gestos de carinho que demonstra tal sentimento por alguém que sempre manteve uma proposital distância de você – eu.
     Muitas vezes te tratei mal, confesso. Te julguei e virei às costas por conta de certas atitudes suas que não me agradaram. Mas eu também não fui um santo. Não relevei as suas condições e nem as circunstâncias que estavam quase sempre contra você. Tudo isso contribuiu para que eu não enxergasse esse lado doce, meigo e carinhoso que você tem. Seu jeito especial e moleca de falar, e seus pensamentos melancólicos que me fazem rir sem hesitar. Apesar desse seu temperamento complicado, você realmente é especial.
    Quero te dizer que sei o que você passa. Eu sinto a mesma coisa que você, sinto a dor de amar alguém e não ser retribuído. Sei o que é ver uma pessoa que sabe dos seus sentimentos e  simplesmente não fazer nada. Sei o quanto isso é pesado, e o quanto custa para se manter forte; e que quando o dia chega ao seu fim, você se surpreende por não ter desabado. Dói demais.
     Estamos no mesmo barco. Então, por favor, me abrace que eu te abraçarei de volta; me dê sua mão, que eu apertarei-a para não soltar. Caminharemos juntos até a felicidade. Vamos superar isso! Você, principalmente, vai superar. Peço que zele pelo seus sentimentos mais preciosos e não os deixe morrer. Fique forte.

"Grandes garotas não choram."
(Fergie.)
domingo, 2 de setembro de 2012 2 comentários

Retirada



   Sabe aqueles dias em que você não está satisfeito com nada, nem com você mesmo? Então, ando me sentindo assim vinte e quatro horas por dia. Sinto que está faltando algo; algo que preencha esse vazio, que me complete, que me faça feliz. Sim, é você. Sempre é você e esse desejo de te ter aqui, em meus braços, apreciando o seu lindo sorriso. 
    Sob o luar eu caminho com minha cabeça baixa, e oculta pela capa negra, esperando que você me note. Eu não posso mais ir atrás de você, cansei. Não estou desistindo, estou apenas dando uma pausa nessa luta constante e incansável. Eu preciso disso. Preciso de um tempo para ir até a margem do rio para saciar minha sede. Eu posso? Prometo que meus sentimentos por você não mudarão. Enquanto isso, por favor, me diga uma palavra de consolo; me chame de “Rômi”, me faça rir, me fale sobre Biologia. É isso, estou implorando para você não deixar eu passar despercebido novamente. Um dia você vai me ver, vai me sentir e vai me procurar, e eu estarei de braços literalmente abertos te esperando. 
    Eu sei que você se pergunta o porquê de tudo isso. Eu também me pergunto. Não escolhi gostar de você, te amar. Eu nunca quis. A complexidade das nossas atuais circunstâncias sempre me deixou claro que não teríamos nada mais e nada menos que amizade. Mas você reapareceu naquele momento em que eu estava vulnerável e estilhaçado. Você me deu tudo que eu precisava, aquele xarope para tosse infalível. E simplesmente aconteceu. Agora eu fico aqui no meio do nada, esperando que você me dê a mão e me leve para casa. 
    Esse sentimento sempre me confortou, mas agora está totalmente confuso. Você sabe, mas não pode corresponder; eu tento me reaproximar, mas você se distancia mais. O que mais devo fazer? Aquelas poucas palavras que saem de sua boca são vazias, inúteis. De nada ajudam. Então é melhor que eu dê um tempo em tudo isso e procure pensar mais em mim. Vou te deixar por algum tempo, então não suma, está bem? Voltarei a te observar de longe.
sábado, 1 de setembro de 2012 0 comentários

{I} Romeu & Violeta




    Tudo começou em uma tarde quente de verão, onde aqueles alunos procuravam uma sombra no pátio do colégio para se refrescar. Podia-se ouvir o dono da lanchonete do colégio anunciar que os picolés e seus diversos sabores haviam acabado, e que só teriam àquelas esfihas gordurentas e refrigerantes quentes. Christian, dois garotos do primeiro colegial e eu jogávamos Uno Cards  sentados em um canto sombreado do pátio, que achamos com muita dificuldade. 
    – Ganhei! – Bradou Christian, batendo sua última carta no montinho de cartas que estavam jazidas no chão, no centro da nossa roda. Os dois garotos do primeiro colegial largaram as cartas no chão, se levantaram e se distanciaram, xingando Christian. – Perdedores... 
    Observei os dois se distanciarem, carrancudos. Até eu fiquei irritado com a vitória de Christian, afinal, já era a quarta rodada que ele havia vencido. Os dois desapareceram e minha visão foi preenchida por uma garota que andava no meio do pátio. Seus cabelos eram negros, sua pele era clara e seus olhos eram grandes e escuros. Uau!, pensei. Nunca havia reparado naquela garota antes, em todos esses anos que estudo nessa escola. Aos meus olhos ela parecia andar em câmera lenta, enquanto acompanhava-a. Duas garotas andavam ao seu lado, elas tinham uma estatura menor que a dela. Sim, ela era um pouco alta. 
    Elas se sentaram em um daqueles banquinhos de madeira, sob o sol quente em um dos extremos do pátio. A garota de olhos escuros no meio. Ficaram conversando e abafando risadas, depois a garota dos olhos escuros tirou um objeto preto e retangular do bolso do jeans. Ah, um celular. Seus lindos olhos escuros se fixaram na tela do celular, junto, os de suas amigas, que rodeavam o aparelho. Mais uma vez começaram a abafar risos. O que será que havia de tão engraçado lá? Àquelas tirinhas dos "memes" no Facebook? Fiquei vidrado no jeito dessa garota, de olhos escuros.
    – Romeu! – Christian me chamou, com o tom um pouco alto. – O que você está olhando? – Ele olhou em direção as garotas.
    – Nada – menti. Ele se virou para mim novamente.
   – Vamos cara, o intervalo acabou. – Ele disse se levantando. Me levantei também e comecei a andar em meio a multidão que seguia para dentro do prédio do colégio.
    Não sei quem é essa garota, mas vou descobrir, pensei. Ela e suas amigas desapareceram na multidão, enquanto eu caminhava ao lado de Christian, pensando em alguma maneira de falar com ela.
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Porto seguro (amigo)



    Uma coisa que eu sempre valorizei foi a amizade. Porque eu nunca tive muitos amigos, e os poucos que eu tive – poucos mesmo – muitas vezes não eram meus amigos de verdade. Confesso que hoje que sei o que é amizade de verdade, pois é nos momentos ruins quer sabemos se quem são nosso verdadeiros amigos. Na verdade, sempre tive uma amiga, a melhor.
    Quando te conheci eu não sabia, mas estava ganhando um segundo melhor amigo. Isso demorou para ficar claro para mim porque eu nunca havia dado importância a nossa relação, nunca vi o quanto eu sou importante para você e o quanto você é importante para mim. Eu nunca havia imaginado o quanto essa amizade à distância iria tão longe, por tanto tempo.
    Eu sei que sou muito chato com você, às vezes grosso e irritante, mesmo por falta de motivo. Mas eu te considero muito, amigo. Não se esqueça. Temos nosso bons momentos – que é maior –, melhores momentos. Aqueles momentos que só tenho com você, nossas risadas, nossas conversas, até àquelas briguinhas saudáveis. E quando tiramos o dia para irritar o "Lalão"? Nunca esquecerei de nada, desses momentos que se prolongarão para a eternidade.
    Há pouco tempo eu disse palavras a você que não foram nada justas. Naquele momento ruim, foi você quem me deu os primeiros socorros, foi você quem me abraçou e não deixou eu desabar. E depois – quando estava tudo um pouco melhor –, eu simplesmente briguei com você e dizendo que você não esteve ao meu lado. Fui ingrato e imbecil, mais uma vez peço seu perdão. Perdão, porque reconheci meu erro e me arrependi.
    "Só damos valor nas coisas, quando perdemos", dizem por aí. Eu aprendi a te dar valor, a diferença é que não perdi sua amizade, I hope you know. E não adianta eu negar, porque tudo isso nunca vai mudar, pode ter certeza. Brigas feias virão, mas iremos superar. Acredite!

"Existem lágrimas que só um amigo de verdade consegue ver, porque elas não brotam na superfície dos corpos, mas na intimidade do coração."
– Rachel Berry.

Para: V. Akise.
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Renegado



    Depois de terminar todo o meu ritual matinal, sigo para escola. Eu sei que sou diferente em muitos aspectos, mas quando passo por aquele portão cinza, as seis horas de incômodo começam. Todo mundo me olha como se eu fosse a nova atração do circo, e isso me deixa irritado. Não, eu não tenho mania de perseguição, só queria que todos esses olhares fossem significativos. 
    É difícil admitir, mas estou carente. É mais difícil você andar pela parte menos movimentada da escola e ver aqueles casais – heterossexuais ou não – de adolescentes abraçados, ou em alguns momentos, se beijando e não se sentir solitário ou até um pouco de inveja. É, faz pouco tempo que saí de um relacionamento e já estou assim. Tudo isso por causa daquele sentimento que venho replicando em meus últimos textos, aquele  sentimento por você
    Eu gostaria de poder sentar com você naquele cantinho aparentemente aconchegante da escola e te abraçar, acariciar e te beijar. Passar os vinte minutos de intervalo ao seu lado, dali para a eternidade. Eu imagino nós dois em diversos lugares, até no Canadá. Uma vez você me disse que gostaria de ir para o Canadá. Está totalmente fora dos meus planos, mas eu iria. Você sabe, eu daria um jeito. 
    Ah, eu te dei um livro, um exemplar do livro que uma vez comentei que é o meu favorito. Nem sei se chegou, mas se sim, espero que toda vez que você for lê-lo, se lembre de mim, do seu amigo "idiotinha". Assim aconteceu comigo quando li aquele livro que só comprei porque você gosta e recomendou. A cada palavra, eu me sentia mais próximo de você, por saber que você passou e viajou por elas. Sim, a palavra "Nárnia" me faz lembrar você. 
    Tenho que parar com isso, tenho que parar de escrever e pensar em você. Naquele dia que você disse que "infelizmente" não daríamos certo, eu tive que desistir. Você me deixou sozinho naquele campo de madressilvas e eu decidi que dali seguiria um novo caminho. Mas parece que ficou mais intenso, eu te desejei mais, te amei mais. E para ajudar, depois de alguns dias você veio falar comigo – me chamando pelo apelido que gosto tanto – como se nada tivesse acontecido, o que me deixou extremamente irritado e ainda mais louco por você. 
    O sinal toca e eu acordo daquele devaneio constante que me prende a você. Entrementes, sozinho, fico observando aqueles alunos egocêntricos da escola passarem por mim deixando olhares indescritíveis. Assim como os seus. Eu daria tudo para sair deste estado, deixar de ser um amante solitário. Esse sentimento é pesado e doloroso. Cansei de ser esse renegado, renegado por você. 

“I can’t rest, I can’t fight. All I need is you and I. Without you, without you…” 
(Without You; David Guetta and Usher)