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domingo, 9 de setembro de 2012

{IV} Romeu & Violeta - Decidido (Parte 1)



    Acordo às seis horas da manhã, levanto-me da cama e vou direto para o banheiro. Evito me olhar no espelho até que eu esteja com uma aparência apresentável. Tomo um banho e com a toalha enrolada na cintura, escovo meus dentes e visto o uniforme do colégio. Vestido, me visualizo no espelho: meus olhos castanho-escuros estão ativos, meus cabelos negros e rebeldes estão molhados. Penteio-os.
    Todo mundo sabe o quanto é difícil para um garoto admitir um sentimento. Principalmente se o sentimento é por uma garota que você pouco conhece. Quando admiti para Cristine – e para mim mesmo – que estou apaixonado por Violeta, me senti um bobo. Ela prometeu não contar a ninguém, nem a Violeta. Eu confio nela, claro. Porém, um lado em mim quer que Violeta saiba, outro não. Preciso me aproximar dela, me tornar um amigo ou um mero colega de intervalo. Só faz três semanas que a observo, e já estou assim.
    Tomo café e sigo para  o colégio. Quando chego, Christian está no portão, conversando com um garoto da nossa turma. Passo por ele dando uma aceno com a cabeça, então ele me segue. Christian! Ele não sabe de nada. Ele é meu melhor amigo, então já está mais do que na hora de contar. Ele se aproxima e andamos lado a lado até a sala de aula.
    – E aí, cara? – Ele me cumprimenta, dando um leve soco em meu ombro. – Tudo bom?
    – Tudo bem – respondo. – E você? O time de basquete da escola vai para as regionais?
    – Vou bem. Vamos sim, é mês que vem! – Ele responde um tanto entusiasmado.
    – Tenho que te contar uma coisa – digo. Entramos na sala de aula e sentamos em duas cadeiras no fundo.
    Abafamos toda a conversa para que o restante da turma presente não ouvisse. Foi muito difícil explicar, porque Christian sempre achou todo essa história de romance clichê. Eu, porém, nunca liguei. Ele franze a testa e diz:
    – Apaixonado? – De repente sua expressão muda e então começa a rir abertamente.
    – Fale baixo! – Peço, dando uma soco em seu ombro. – Sim, é isso.
    – Mas justo aquela garota do primeiro ano? – Ele pergunta quase sussurrando.
    – Sim – respondo erguendo as sobrancelhas. Ele ainda parece não acreditar. – Tenho que me aproximar dela.
    – Como é que é? – Ele pergunta como se eu tivesse dito uma palavra de baixo calão em rede nacional. – Faça como os "galãs" da escola, seja direto.
    – Não, isso é muito ridículo. O que ela vai pensar de mim? – Ele franzi a testa novamente e fica em silêncio olhando para mim.
    – Eu não sei, cara. – É, realmente ele não sabe. Ele nunca ficou atrás de uma garota, sempre foi um pouco egocêntrico.
    Tenho que arranjar alguma maneira de me aproximar dela. Eu posso entrar para o clube de dança. Não, não sei dançar e não tenho tendência para isso. Ou eu posso passar mais tempo na biblioteca, assim toda às vezes que ela for lá, eu  a verei e direi um "oi". Cristine pode me ajudar... Não, ela iria atrapalhar tudo porque é amiga da Violeta. Ah, não sei!
    – Eu vou falar com ela hoje não intervalo! – Vocifero. Christian me olha espantado.
    – E a biblioteca. E o Edmundo? – pergunta ele como se isso também fosse importante para ele.
    – A biblioteca pode esperar e Edmundo que chame uma daquelas garotas babonas para ajudá-lo! – digo por fim.


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