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quinta-feira, 29 de novembro de 2012 1 comentários

{IV} Romeu & Violeta - Decidido (Parte 2)




    Quando o sinal tocou para o intervalo, peguei meu iPhone e, depois de conectar o fone no aparelho, os encaixei em meus ouvidos. Era a aula de História, o assunto era sobre a Mitologia Nórdica. A Sra. Rodrigues afirmou com veemência que o assunto ia cair nos próximos vestibulares, mas eu não acreditei, aliás, eu acho que ninguém acreditou. Eu ainda guardava o material dentro da mochila quando saí, junto de Christian, da sala de aula.
    – Finalmente essa bendita aula acabou! – exclamei para ele, substituindo o “Finalmente vou poder falar com Violeta!” que quase deixei escapar. Christian me olhou desconfiado.
    – Cara – arquejou ele de forma monótona. – Tenho que falar com o treinador. Ele me disse que se eu não aumentasse a nota em Física, seria colocado como reserva no próximo jogo. Vou tentar convencê-lo com pelos menos um cinco.
    – Vai lá – eu disse, tentando esconder minha satisfação por saber que eu ia poder executar meu plano sem ele por perto.
    – Você desistiu de falar com a garota do primeiro ano, não é? – Ele parou e me segurou pelo ombro, freando a caminhada pelo corredor. Minha satisfação sumiu como a torta de chocolate que dava na cantina da escola às terças-feiras.
    – Não! – vociferei de maneira incomum e ele enrugou o rosto como uma folha de papel amassada. – Quero dizer... o nome dela é Violeta.
    Algumas das muitas pessoas que passavam no corredor trombavam em nós, mas estávamos tão absortos na conversa que nem demos importância. Um corredor movimentado há essa hora não era um bom lugar para se sentar, tomar chá e conversar sobre a vida alheia dos vizinhos.
     – Não se esqueça de suas prioridades. – Christian falou de um jeito que, por um fragmento de segundo, eu achei que fosse minha mãe. – O treinador sempre diz que isso vem em primeiro lugar.
    – Não vou esquecer! – disse com um sorriso de entendimento sem mostrar os dentes; tirei a mão dele do meu ombro e prossegui, sem a menor dificuldade, a caminhada pelo corredor movimentado.
    Quando Christian havia passado a ligar para que o treinador dele falava fora da quadra de basquete? O que será que está acontecendo com ele? Desde quando ele se importa com a biblioteca?, pensei – mas foi tão claro que achei que tivesse dito em voz alta. Lembro-me quando disse no ano passado que ia ajudar na biblioteca, então, depois de embrulhar a cara como fez há pouco, mas com um toque de nojo, ele me disse: “Cara, você é otário?”. Tinha alguma coisa errada. Será que ele não quer que eu... Não!, antes de pensar, me certifiquei que minha boca estava bem fechada...
    Fiquei tão ansioso que me esqueci de colocar uma música para tocar no iPhone. Christian deve ter percebido, porque falou comigo sem elevar o tom de voz. Tirei o aparelho do bolso e, sem parar no corredor, selecionei “Turn It Off”, do Paramore. Quando estava quase chegando ao pátio, uma mão pesou sobre meu ombro novamente, fazendo-me virar bruscamente e então eu disse em um tom enérgico:
    – O que foi agora, Christian?! – abaixei o tom da voz na última sílaba da frase, quando vi que quem me parou foi Edmundo, e não meu melhor amigo. Ele me olhava como se eu tivesse manchado suas cuecas na lavadora. Tirei os fones de ouvido. – Ah, cara, desculpe. Pensei que fosse...
    – Aonde você pensa que vai? – Edmundo era mais alto que eu; foi a primeira coisa que, depois da expressão em seu rosto, me fez temê-lo. A segunda foi que o efeito de garoto inocente que seus cabelos loiro-escuros davam habitualmente, não estava funcionando. – Te vi passar reto pela porta da biblioteca de lá do balcão. Vou precisar deixar a biblioteca por alguns minutos e você precisa estar lá para segurar as pontas até eu voltar.
    – O que vai fazer? – perguntei, tentando não parecer alterado e nervoso ao mesmo tempo. – Eu também vou precisar sair só por alguns minutos – em parte eu estava mentindo. Não sabia quanto tempo levaria para falar com Violeta... bem, se eu conseguisse falar.
    – Não te interessa, Romeu – pela primeira vez ele falou comigo em um tom irritado. Considerei que houvesse um motivo sério para ele sair ter que sair desta forma, pois não era de sua natureza descumprir seu compromisso com a biblioteca. – E se eu fosse você não demorava aqui, porque quando eu saí de lá, tinha uma fila bem grandinha.
    (...) de garotas interessadas em mim, completei a frase dele mentalmente. Mordi a língua para não praguejar. Eu estava decidido; finalmente havia tomado coragem para enfrentar o Lex Luthor... ou melhor, a Lois Lane, e Edmundo veio com um compromisso fora do seu Reino dos Livros. Droga!, pensei, desta vez torcendo para que saísse de minha boca.
    De repente, Edmundo me fitou com estranho interesse.
    – O que você pretendia fazer? – seus olhos claros sumiram quando ele os semicerrou.
    – Eu-eu... – não queria falar, porque o que eu pretendia fazer não justificaria a escapada, então disse o que o faria esquecer o assunto sem que eu precisasse apagá-lo com uma pancada na cabeça: –... vou para a biblioteca.
    Corri na contramão pelo corredor que estava um pouco vazio, sentindo o olhar de Edmundo pesar em minha nuca. Cheguei à biblioteca ofegando, e sem tirar a mochila das costas, fui atendendo os alunos da grande fila que se formava em frente ao balcão.
    Percebi que Violeta era um assunto delicado para mim e que seria muito difícil falar com ela. Eu estava torcendo para que uma onda de coragem atravessasse meu corpo novamente na manhã seguinte, porque seria o dia que eu, realmente, iria falar com ela.




NOTA: Para os atentos, houve uma pequena mudança no texto que será mantida como padrão, e em breve os textos da crônica já postado serão adequados da mesma forma.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012 0 comentários

A Libélula



    A tarde daquele garoto simplório de cabelos castanhos jamais poderia ser tão agradável. Ele estava  sentado sobre pedras da margem de um rio esverdeado, às primícias de um bosque verde-musgo. Sua amiga, companheira de várias aventuras, se aproximava cortando o ar em movimentos graciosos. Libélula, seu nome e também, nome paradigma de sua espécie. Ela pousou sua anatomia macilenta em uma das pedras próximas aos pés do garoto, cessando as batidas em lufa-lufa de suas asas.
    O garoto fixou os olhos no inseto e não ousou mover sua íris em momento algum. Mesmo tendo a forma  de um inseto da natureza que conhecemos, nesse mundo paralelo e fictício ela era tão racional quanto um ser humano. Sua forma era estreita, assim como sua amizade sem mistérios, sem fatos ocultos, tão verdadeira quanto o incolor da água de um abundante aquífero. Suas antenas curtas e tênues captavam os movimentos ao redor, assim como sua percepção psicológica que media situações frustantes, lhe permitindo dizer a palavras  adequadas aos seus próximos. Seus olhos compostos viam de forma ampla e mais detalhada diversas questões morais. Suas asas, eram como sua imaginação, levavam para o mais alto do que as árvores, onde a visão era estonteante.
    A Libélula começou a se movimentar silenciosamente sobre a pedra, como o deslize de um peixe entre os corais coloridos. O garoto mantinha seus olhos fixos no inseto... o inseto que, para ele, era muito especial. Sua relação com a Libélula era incomparável a qualquer padrão de "amizade perfeita" descritas em livros de contos de fada. "Oh Libélula, por que não saístes deste estado limitado para abraçar-me?", disse uma vez o garoto ao inseto. As emoções da Libélula eram transmitidas por sua palavras – mesmo em tom baixo. O garoto admirava seu jeito meticuloso, sua inteligência, seus argumentos coerentes...
    O garoto olhou para o alto, a Libélula já deslizava pelo ar sobrevoando a copa das árvores. Mais uma vez ela seguiu para seu destino do qual o garoto não conhecia. A ele cabia apenas esperá-la todos os dias, no mesmo lugar, onde ouvia-se o suave canto do rio.

Para Libélula.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012 0 comentários

Eu te amo!



   "Por alguns instantes pensei que isso fosse um sentimento que me fizesse sonhar, entretanto, sinto que vivo um grande pesadelo sem fim. Amar você é viver na condição de um condenado. Porque eu sei que você nunca me amará como te amo. 
   Digo todos os dias que vou te esquecer. Que nunca mais vou procurá-lo, que vou excluí-lo do meu pensamento. Não resisto e faço tudo de novo. Sempre disse que por ninguém choraria até você cruzar meu caminho. Por que razão meu coração resolveu baixar a guarda? Será que não mais existe juízo nele? Quem o enganou dizendo que você também podia um dia amá-lo? Será que ele nunca amará e será correspondido? Será que eu fiz algum mal que não pode ser perdoado; e que pagarei por este toda a minha vida?
    Meu coração não é tão forte quanto pensava. Ele não é um mostro, nem perverso para assim ser tratado. Tenha misericórdia de mim Senhor, pois, não aguento mais este martírio que parece não ter fim. Por acaso fui eu mandado para o inferno a fim de ser torturado? Os bons homens se vão, passando por nós sem que venhamos perceber. E os maus com palavras enganosas tentam nos seduzir, arrancando de nós a doçura de menina. Mutilando nossos corações como se fossem pedaços de carne. Devorando nossos sentimentos, simplesmente para saciar suas vontades insanas. E levam de nós o que há de melhor.
    Diga-me oh coração, tu és meu amigo ou inimigo? Para permitir que este se hospedasse sabendo que não terá cuidado algum contigo? Tu és tolo pensando que um dia ele terá misericórdia de ti quando se for. Um dia ele se cansará de ti e encontrará um lar que lhe pareça melhor e sem dizer adeus, partirá. E quem cuidará de ti? Responde-me! Por que não pensou nas consequências? 
    Estou desesperado por não saber quando esse tormento acabará; se é que ele terá fim algum dia. O amor que é citado como um bem que não se pode descrever... Lágrimas de alegria, de prazer. Mas só conheço dele lágrimas de grandes tristezas e dores profundas. Será que todos terão o direito de conhecê-lo, não somente em palavras, versos e prosas?
    Sou eu indigno de desfrutar de algo que me parece tão belo. E que com quatro letras produz as maiores sensações do universo. Não pode ser ele só uma palavra num dicionário. Porque muitos já mataram é já morreram em nome dele ou na busca de vivenciá-lo.
    Vou prosseguir a minha busca, levando este fardo que pesa mais que o mundo. Talvez um dia ele torne somente uma lembrança triste ou vire uma alegria constante. Quem sabe?"

– Autor desconhecido.

domingo, 9 de setembro de 2012 0 comentários

{IV} Romeu & Violeta - Decidido (Parte 1)



    Acordo às seis horas da manhã, levanto-me da cama e vou direto para o banheiro. Evito me olhar no espelho até que eu esteja com uma aparência apresentável. Tomo um banho e com a toalha enrolada na cintura, escovo meus dentes e visto o uniforme do colégio. Vestido, me visualizo no espelho: meus olhos castanho-escuros estão ativos, meus cabelos negros e rebeldes estão molhados. Penteio-os.
    Todo mundo sabe o quanto é difícil para um garoto admitir um sentimento. Principalmente se o sentimento é por uma garota que você pouco conhece. Quando admiti para Cristine – e para mim mesmo – que estou apaixonado por Violeta, me senti um bobo. Ela prometeu não contar a ninguém, nem a Violeta. Eu confio nela, claro. Porém, um lado em mim quer que Violeta saiba, outro não. Preciso me aproximar dela, me tornar um amigo ou um mero colega de intervalo. Só faz três semanas que a observo, e já estou assim.
    Tomo café e sigo para  o colégio. Quando chego, Christian está no portão, conversando com um garoto da nossa turma. Passo por ele dando uma aceno com a cabeça, então ele me segue. Christian! Ele não sabe de nada. Ele é meu melhor amigo, então já está mais do que na hora de contar. Ele se aproxima e andamos lado a lado até a sala de aula.
    – E aí, cara? – Ele me cumprimenta, dando um leve soco em meu ombro. – Tudo bom?
    – Tudo bem – respondo. – E você? O time de basquete da escola vai para as regionais?
    – Vou bem. Vamos sim, é mês que vem! – Ele responde um tanto entusiasmado.
    – Tenho que te contar uma coisa – digo. Entramos na sala de aula e sentamos em duas cadeiras no fundo.
    Abafamos toda a conversa para que o restante da turma presente não ouvisse. Foi muito difícil explicar, porque Christian sempre achou todo essa história de romance clichê. Eu, porém, nunca liguei. Ele franze a testa e diz:
    – Apaixonado? – De repente sua expressão muda e então começa a rir abertamente.
    – Fale baixo! – Peço, dando uma soco em seu ombro. – Sim, é isso.
    – Mas justo aquela garota do primeiro ano? – Ele pergunta quase sussurrando.
    – Sim – respondo erguendo as sobrancelhas. Ele ainda parece não acreditar. – Tenho que me aproximar dela.
    – Como é que é? – Ele pergunta como se eu tivesse dito uma palavra de baixo calão em rede nacional. – Faça como os "galãs" da escola, seja direto.
    – Não, isso é muito ridículo. O que ela vai pensar de mim? – Ele franzi a testa novamente e fica em silêncio olhando para mim.
    – Eu não sei, cara. – É, realmente ele não sabe. Ele nunca ficou atrás de uma garota, sempre foi um pouco egocêntrico.
    Tenho que arranjar alguma maneira de me aproximar dela. Eu posso entrar para o clube de dança. Não, não sei dançar e não tenho tendência para isso. Ou eu posso passar mais tempo na biblioteca, assim toda às vezes que ela for lá, eu  a verei e direi um "oi". Cristine pode me ajudar... Não, ela iria atrapalhar tudo porque é amiga da Violeta. Ah, não sei!
    – Eu vou falar com ela hoje não intervalo! – Vocifero. Christian me olha espantado.
    – E a biblioteca. E o Edmundo? – pergunta ele como se isso também fosse importante para ele.
    – A biblioteca pode esperar e Edmundo que chame uma daquelas garotas babonas para ajudá-lo! – digo por fim.


sábado, 8 de setembro de 2012 0 comentários

E. M. - Sentimento inatingível



    Eu te amo! 
    Por mais que eu lute contra esse sentimento, ele jamais se acaba. Por mais que você me recrimine ou me ignore eu ainda ouso te amar. Acho que isso prova que é um sentimento intenso e verdadeiro. Não há coisa melhor. Ou há? Como você diz, talvez seja mais engraçado do que querer alface ou tomate. 
    Dizem as más línguas que tudo que eu escrevo sobre você é clichê. Discordo, hoje eu discordo. Acho que é masoquismo. Mesmo porque escrever sobre e para você não me consola mais. Minhas palavras já não surtem mais efeito sobre você, parece que tudo é uma velha piada mal contada. Eu durmo e acordo pensando em você, e me pergunto por que você não está aqui, em meus braços, na minha cama. Eu sei a resposta, porém não aceito. Às vezes penso que a vida é injusta, ou se não está acontecendo, é porque não é para acontecer. 
    Eu te odeio! 
    Às vezes o modo que você fala comigo me leva a temperatura de ebulição. Eu te odeio por te amar, por te querer e por respirar você. Te odeio por você ser quem você é e por eu ser apaixonado por tudo isso. Eu te odeio por você me chamar por aquele apelido e te odeio por às vezes não chamar. Ah, também odeio seus erros de Língua Portuguesa, mas não os deixo de achar engraçados. 
    Dizer e ouvir seu nome me deixa irritado, pois me dá a sensação de que você está por perto. Mas o que eu mais almejo é sua presença constante para sempre. O que eu faço? Talvez um coração novo acabe com esse sofrimento. Ou talvez eu deva te matar em mim. Quaisquer que sejam as providências para o fim desse amor e dessa agrura, elas serão tomadas. Estou cansado, dilacerado e estilhaçado, repito. 
 I love and hate you. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012 0 comentários

{III} Romeu & Violeta - Apaixonado



    – Violeta. Violeta. – eu sussurrava o nome dela constantemente para mim enquanto fingia prestar atenção na aula de matemática. O professor Claudius estava revisando o conteúdo para a aprova bimestral.
    – O que foi que você disse? – Perguntou Christian, pela terceira vez. Ignorei. Como de costume, ele era minha dupla para estudar as partes da matéria em que tínhamos mais dificuldade. Rapidamente ele redirecionou sua atenção para o desenho do logotipo da banda Nirvana que fazia na carteira.
    O sinal tocou, para meu alívio. Guardei meu material na mochila; Christian se apressou em guardar o seu  e saiu da sala dizendo um "até mais!". Se não me engano, ele estava indo para o treino de basquete ou para reunião semanal do clube do Celibato. Passei a alça transversal da mochila pelo meu corpo e saí, apressadamente, da sala de aula. 
    Eu caminhava pelo longo corredor calma e tranquilamente. Mas meu coração acelerou quando vi Cristine e a garota de olhos escuros, Violeta, vindo na direção oposta. Cristine era uma amiga do mesmo ano que eu. Sua estatura era alta e tinha volumosos cabelos de tom escuro. Seu jeito alegre era contagiante, adorava conversar com ela. Nós três paramos no meio do corredor, frente a frente.
    – Romeu, oi! – Cristine, sorrindo, me cumprimentou com um beijo rosto, retribuí da mesma forma. Notei Violeta sorrir ao observar o movimento.
    – Oi, Cristine! – Sorri. Tentei não olhar para Violeta, que continuava a sorrir. – Como você está?
    – Estou muito bem. – Respondeu Cristine, pousando sua mão direita no ombro de Violeta. – Ah, essa aqui é minha amiga, Violeta, ela é do primeiro ano. Violeta, este é o Romeu.
    – Ah, prazer – ela disse estendendo a mão para mim.
    Mas que voz linda e doce, pensei. Vê-la falando me fez perceber que ela é mais meiga do que parece quando a observo de longe. Os músculos do meu rosto se contraíram e meu estômago congelou enquanto segurava sua mão. "Prazer", eu disse, com muita dificuldade, então nossas mãos se desvencilham.
    Cristine começou a me contar algo sobre uma campanha de proteção aos animais, mas involuntariamente eu me distraí com a beleza de Violeta. Sim, ela era mais bonita de perto. Ela intercalava seu olhar: ora para mim, ora para Cristine, ora para movimentação alheia do corredor.
    – Cristine, eu tenho que ir para o ensaio. Até mais tarde! – Ela interrompeu o discurso de Cristine sobre a campanha. Saiu apressadamente e sumiu no final do corredor, sem deixar Cristine se despedir.
     – Ensaio? – Perguntei, tentando parecer pouco interessado.
    – Sim, ela dança Hip Hop. – Cristine respondeu.
     Então ela dança Hip Hop? Interessante.
     Cristine me lança um olhar penetrante e abre um sorriso malicioso.
     – Você está a fim dela?
    – Claro que não! – Menti. Como ela percebeu? Podia ter sido o modo que eu olhava para Violeta, ou talvez  eu estivesse babando. – Por que acha isso?
    – Pelo modo que você olhou para ela desde que nos encontramos – ela tirou minha dúvida. – Você já teve alguma contato com ela?
    – Visual – respondi, simplesmente.
    – Você está gostando dela? – Cristine fez a pergunta que eu já esperava.
    – Não – respondi. Cristine fez menção de protestar. – Estou apaixonado por ela.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012 0 comentários

Cansei



    Estou cansado, dilacerado e estilhaçado. Há uma enorme insatisfação que me corrói por dentro. Palavras vazias, sorrisos incertos e olhares inexpressíveis. Tudo parece ser disforme, nada parece ser concreto. Essa insuficiência me atinge profundamente, deixando-me completamente insano. Meu interior está começando a entrar em estado de automutilação.
    Tento lutar contra tudo isso, mas está sendo difícil. Resistir já não é mais uma saída viável. Prometi aquela Libélula amiga que seria forte, mas não consigo. Lutar contra meu interior é um ato digno de Hércules. Esse complexo sentimental me deixa aflito a cada segundo que passa; sofrer já não compactua mais com nenhuma das minhas faculdades mentais. Estou ficando desesperado, já não tenho mais palavras que sirvam como consolo, ou que segure as pontas até esses dias tempestuosos passarem. Por favor, eu preciso de paz.
    Não aguento mais sustentar aquela imagem de garoto forte e frio. Cansei de fingir sentimentos que involuntariamente iludem algumas pessoas. Não quero mais que minha vida seja moldada por aquelas circunstâncias do qual já não tenho mais um bode expiatório para resistir. Eu já escolhi meu caminho, então não preciso mais interpretar aquele adolescente confuso que tem encenado nestes últimos dias.
    Meus sentimentos já pertencem a uma pessoa, somente a ela. Não quero dar mais esperanças a ninguém de que isso está mudando ou de que vai mudar. É muito bom ser amado e ouvir palavras doces, mas não é certo quando não posso dizer o mesmo. Tentei abrir mão desse sentimento que me domina, mas não consegui. Então, só me resta lamentar essa injustiça formal.
    Preciso renascer psicologicamente. Toda essa confusão está atrasando meus projetos, o que é de fato muito ruim para meu futuro. Eu preciso estancar esse sangramento do meu peito. Terei que tirar tudo a limpo, para que minhas esperanças sejam renovadas. Preciso de um tempo para organizar minha vida e, acima de tudo, preciso de você.
terça-feira, 4 de setembro de 2012 2 comentários

{II} Romeu & Violeta - Encalço



    Já se passou uma semana, e eu ainda não descobri o nome daquela garota de olhos escuros. Tenho uma justificativa: sou ajudante do bibliotecário da escola, então, passo a maior parte do meu tempo livre no colégio dentro da biblioteca. Nunca vi ela aqui na biblioteca, assim como nunca mais a vi desde aquele dia no intervalo do meio-dia. Talvez ela tenha vindo eu não tenha reparado, afinal, muitos veem aqui para pegar um livro para estudo ou distração.
    Christian deve estar na aula de basquete à essas horas. Eu ainda não contei a ele sobre meu interesse pela garota de olhos escuros. Ele poderia me ajudar muito, tanto quanto poderia me atrapalhar. Não é nada pessoal, apenas uma questão de princípios. Eu conheço bem o meu melhor amigo, e conheço bem o seu jeito de lidar com garotas. Então manterei esse assunto entre Eu e Eu, até a hora de contar a ele chegar.
    – Romeu. – Chamou-me Edmundo. Em seus braços havia uma pequena pilha de livros de capa marrom. – Organize esses livros na sessão de História novamente. – Ele diz me passando os livros.
    Edmundo é o bibliotecário da escola. Ele está em seu último ano no colégio, e no seu terceiro como bibliotecário. Ele cuida da biblioteca no período integral e estuda no período noturno. Edmundo faz um bom trabalho, mas às vezes muda sua atenção para as garotas que veem a biblioteca só para olhá-lo. É, a aparência dele chama a atenção sim: cabelos loiro-escuros, olhos claros e tem uma estatura alta, e também é muito inteligente. Que garota não olha?
    Caminho entre as inúmeras estantes de livros da biblioteca e finalmente chego na sessão de História. Me ajoelho no chão e começo a organizar os livros de capa marrom na prateleira, quando vejo de esguelha um grupinho de garotas entrar no corredor da sessão e passar por trás de mim. Depois de colocar todos os livros na prateleira, giro meu pescoço e vejo o grupinho parado na próxima sessão, a de Geografia ou Estudos Sociais. Elas demoram um tempo lá e depois todas saem com um livro na mão, ou quase todas.
    Uma garota de cabelos negros tenta alcançar um livro na prateleira de cima, quando uma de suas amigas a chama:
    – Violeta, vamos!
    A garota alcança o livro e sai da sessão para se juntar às suas amigas. É ela, é a garota de olhos escuros! Então é esse o seu nome? Violeta.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012 0 comentários

Querida Victória,



Escrevo a você consciente de tudo que conversamos e de todas as suas declarações. Eu nunca entendi o porquê desse seu estado apaixonado que me deixa sem palavras. Nunca imaginei que uma garota como você poderia de gostar de alguém de um mundo tão diferente como o meu. Realmente eu me surpreendi com todas as suas palavras e todos os seu gestos de carinho que demonstra tal sentimento por alguém que sempre manteve uma proposital distância de você – eu.
     Muitas vezes te tratei mal, confesso. Te julguei e virei às costas por conta de certas atitudes suas que não me agradaram. Mas eu também não fui um santo. Não relevei as suas condições e nem as circunstâncias que estavam quase sempre contra você. Tudo isso contribuiu para que eu não enxergasse esse lado doce, meigo e carinhoso que você tem. Seu jeito especial e moleca de falar, e seus pensamentos melancólicos que me fazem rir sem hesitar. Apesar desse seu temperamento complicado, você realmente é especial.
    Quero te dizer que sei o que você passa. Eu sinto a mesma coisa que você, sinto a dor de amar alguém e não ser retribuído. Sei o que é ver uma pessoa que sabe dos seus sentimentos e  simplesmente não fazer nada. Sei o quanto isso é pesado, e o quanto custa para se manter forte; e que quando o dia chega ao seu fim, você se surpreende por não ter desabado. Dói demais.
     Estamos no mesmo barco. Então, por favor, me abrace que eu te abraçarei de volta; me dê sua mão, que eu apertarei-a para não soltar. Caminharemos juntos até a felicidade. Vamos superar isso! Você, principalmente, vai superar. Peço que zele pelo seus sentimentos mais preciosos e não os deixe morrer. Fique forte.

"Grandes garotas não choram."
(Fergie.)
domingo, 2 de setembro de 2012 2 comentários

Retirada



   Sabe aqueles dias em que você não está satisfeito com nada, nem com você mesmo? Então, ando me sentindo assim vinte e quatro horas por dia. Sinto que está faltando algo; algo que preencha esse vazio, que me complete, que me faça feliz. Sim, é você. Sempre é você e esse desejo de te ter aqui, em meus braços, apreciando o seu lindo sorriso. 
    Sob o luar eu caminho com minha cabeça baixa, e oculta pela capa negra, esperando que você me note. Eu não posso mais ir atrás de você, cansei. Não estou desistindo, estou apenas dando uma pausa nessa luta constante e incansável. Eu preciso disso. Preciso de um tempo para ir até a margem do rio para saciar minha sede. Eu posso? Prometo que meus sentimentos por você não mudarão. Enquanto isso, por favor, me diga uma palavra de consolo; me chame de “Rômi”, me faça rir, me fale sobre Biologia. É isso, estou implorando para você não deixar eu passar despercebido novamente. Um dia você vai me ver, vai me sentir e vai me procurar, e eu estarei de braços literalmente abertos te esperando. 
    Eu sei que você se pergunta o porquê de tudo isso. Eu também me pergunto. Não escolhi gostar de você, te amar. Eu nunca quis. A complexidade das nossas atuais circunstâncias sempre me deixou claro que não teríamos nada mais e nada menos que amizade. Mas você reapareceu naquele momento em que eu estava vulnerável e estilhaçado. Você me deu tudo que eu precisava, aquele xarope para tosse infalível. E simplesmente aconteceu. Agora eu fico aqui no meio do nada, esperando que você me dê a mão e me leve para casa. 
    Esse sentimento sempre me confortou, mas agora está totalmente confuso. Você sabe, mas não pode corresponder; eu tento me reaproximar, mas você se distancia mais. O que mais devo fazer? Aquelas poucas palavras que saem de sua boca são vazias, inúteis. De nada ajudam. Então é melhor que eu dê um tempo em tudo isso e procure pensar mais em mim. Vou te deixar por algum tempo, então não suma, está bem? Voltarei a te observar de longe.
sábado, 1 de setembro de 2012 0 comentários

{I} Romeu & Violeta




    Tudo começou em uma tarde quente de verão, onde aqueles alunos procuravam uma sombra no pátio do colégio para se refrescar. Podia-se ouvir o dono da lanchonete do colégio anunciar que os picolés e seus diversos sabores haviam acabado, e que só teriam àquelas esfihas gordurentas e refrigerantes quentes. Christian, dois garotos do primeiro colegial e eu jogávamos Uno Cards  sentados em um canto sombreado do pátio, que achamos com muita dificuldade. 
    – Ganhei! – Bradou Christian, batendo sua última carta no montinho de cartas que estavam jazidas no chão, no centro da nossa roda. Os dois garotos do primeiro colegial largaram as cartas no chão, se levantaram e se distanciaram, xingando Christian. – Perdedores... 
    Observei os dois se distanciarem, carrancudos. Até eu fiquei irritado com a vitória de Christian, afinal, já era a quarta rodada que ele havia vencido. Os dois desapareceram e minha visão foi preenchida por uma garota que andava no meio do pátio. Seus cabelos eram negros, sua pele era clara e seus olhos eram grandes e escuros. Uau!, pensei. Nunca havia reparado naquela garota antes, em todos esses anos que estudo nessa escola. Aos meus olhos ela parecia andar em câmera lenta, enquanto acompanhava-a. Duas garotas andavam ao seu lado, elas tinham uma estatura menor que a dela. Sim, ela era um pouco alta. 
    Elas se sentaram em um daqueles banquinhos de madeira, sob o sol quente em um dos extremos do pátio. A garota de olhos escuros no meio. Ficaram conversando e abafando risadas, depois a garota dos olhos escuros tirou um objeto preto e retangular do bolso do jeans. Ah, um celular. Seus lindos olhos escuros se fixaram na tela do celular, junto, os de suas amigas, que rodeavam o aparelho. Mais uma vez começaram a abafar risos. O que será que havia de tão engraçado lá? Àquelas tirinhas dos "memes" no Facebook? Fiquei vidrado no jeito dessa garota, de olhos escuros.
    – Romeu! – Christian me chamou, com o tom um pouco alto. – O que você está olhando? – Ele olhou em direção as garotas.
    – Nada – menti. Ele se virou para mim novamente.
   – Vamos cara, o intervalo acabou. – Ele disse se levantando. Me levantei também e comecei a andar em meio a multidão que seguia para dentro do prédio do colégio.
    Não sei quem é essa garota, mas vou descobrir, pensei. Ela e suas amigas desapareceram na multidão, enquanto eu caminhava ao lado de Christian, pensando em alguma maneira de falar com ela.
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Porto seguro (amigo)



    Uma coisa que eu sempre valorizei foi a amizade. Porque eu nunca tive muitos amigos, e os poucos que eu tive – poucos mesmo – muitas vezes não eram meus amigos de verdade. Confesso que hoje que sei o que é amizade de verdade, pois é nos momentos ruins quer sabemos se quem são nosso verdadeiros amigos. Na verdade, sempre tive uma amiga, a melhor.
    Quando te conheci eu não sabia, mas estava ganhando um segundo melhor amigo. Isso demorou para ficar claro para mim porque eu nunca havia dado importância a nossa relação, nunca vi o quanto eu sou importante para você e o quanto você é importante para mim. Eu nunca havia imaginado o quanto essa amizade à distância iria tão longe, por tanto tempo.
    Eu sei que sou muito chato com você, às vezes grosso e irritante, mesmo por falta de motivo. Mas eu te considero muito, amigo. Não se esqueça. Temos nosso bons momentos – que é maior –, melhores momentos. Aqueles momentos que só tenho com você, nossas risadas, nossas conversas, até àquelas briguinhas saudáveis. E quando tiramos o dia para irritar o "Lalão"? Nunca esquecerei de nada, desses momentos que se prolongarão para a eternidade.
    Há pouco tempo eu disse palavras a você que não foram nada justas. Naquele momento ruim, foi você quem me deu os primeiros socorros, foi você quem me abraçou e não deixou eu desabar. E depois – quando estava tudo um pouco melhor –, eu simplesmente briguei com você e dizendo que você não esteve ao meu lado. Fui ingrato e imbecil, mais uma vez peço seu perdão. Perdão, porque reconheci meu erro e me arrependi.
    "Só damos valor nas coisas, quando perdemos", dizem por aí. Eu aprendi a te dar valor, a diferença é que não perdi sua amizade, I hope you know. E não adianta eu negar, porque tudo isso nunca vai mudar, pode ter certeza. Brigas feias virão, mas iremos superar. Acredite!

"Existem lágrimas que só um amigo de verdade consegue ver, porque elas não brotam na superfície dos corpos, mas na intimidade do coração."
– Rachel Berry.

Para: V. Akise.
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Renegado



    Depois de terminar todo o meu ritual matinal, sigo para escola. Eu sei que sou diferente em muitos aspectos, mas quando passo por aquele portão cinza, as seis horas de incômodo começam. Todo mundo me olha como se eu fosse a nova atração do circo, e isso me deixa irritado. Não, eu não tenho mania de perseguição, só queria que todos esses olhares fossem significativos. 
    É difícil admitir, mas estou carente. É mais difícil você andar pela parte menos movimentada da escola e ver aqueles casais – heterossexuais ou não – de adolescentes abraçados, ou em alguns momentos, se beijando e não se sentir solitário ou até um pouco de inveja. É, faz pouco tempo que saí de um relacionamento e já estou assim. Tudo isso por causa daquele sentimento que venho replicando em meus últimos textos, aquele  sentimento por você
    Eu gostaria de poder sentar com você naquele cantinho aparentemente aconchegante da escola e te abraçar, acariciar e te beijar. Passar os vinte minutos de intervalo ao seu lado, dali para a eternidade. Eu imagino nós dois em diversos lugares, até no Canadá. Uma vez você me disse que gostaria de ir para o Canadá. Está totalmente fora dos meus planos, mas eu iria. Você sabe, eu daria um jeito. 
    Ah, eu te dei um livro, um exemplar do livro que uma vez comentei que é o meu favorito. Nem sei se chegou, mas se sim, espero que toda vez que você for lê-lo, se lembre de mim, do seu amigo "idiotinha". Assim aconteceu comigo quando li aquele livro que só comprei porque você gosta e recomendou. A cada palavra, eu me sentia mais próximo de você, por saber que você passou e viajou por elas. Sim, a palavra "Nárnia" me faz lembrar você. 
    Tenho que parar com isso, tenho que parar de escrever e pensar em você. Naquele dia que você disse que "infelizmente" não daríamos certo, eu tive que desistir. Você me deixou sozinho naquele campo de madressilvas e eu decidi que dali seguiria um novo caminho. Mas parece que ficou mais intenso, eu te desejei mais, te amei mais. E para ajudar, depois de alguns dias você veio falar comigo – me chamando pelo apelido que gosto tanto – como se nada tivesse acontecido, o que me deixou extremamente irritado e ainda mais louco por você. 
    O sinal toca e eu acordo daquele devaneio constante que me prende a você. Entrementes, sozinho, fico observando aqueles alunos egocêntricos da escola passarem por mim deixando olhares indescritíveis. Assim como os seus. Eu daria tudo para sair deste estado, deixar de ser um amante solitário. Esse sentimento é pesado e doloroso. Cansei de ser esse renegado, renegado por você. 

“I can’t rest, I can’t fight. All I need is you and I. Without you, without you…” 
(Without You; David Guetta and Usher)
segunda-feira, 27 de agosto de 2012 0 comentários

Noite fria



    A noite estava escura e fria, os ventos sopravam nas janelas das casas que abafavam a saída de luz com cortinas e persianas. As ruas estavam desertas e jazia neve nas calçadas, que eventualmente, revelavam algumas pegadas com breve destino final. 
    Dentro de uma das casas, Ele e Ela beiravam, sentados, uma lareira onde a lenha ardia em chamas. Debaixo do edredom, Ele envolvia Ela com seus braços, enquanto ouviam músicas naquela velha vitrola. Imponentes, apreciavam o momento como se fosse a última coisa que fariam na vida. 
    Ela estava com a cabeça recostada no tórax dele, ambos olhavam o dançar das chamas na lareira. Estava realmente quente, pois o calor de seus corpos era adensado pelo calor do fogo. Eles se sentiam um. 
    – Você me ama? – Ela perguntou olhando para os olhos d’Ele, enquanto o mesmo alisava seus cabelos. Ele continuou a olhar para as chamas. 
    – Se eu te amo? – Ele indagou energicamente, e então seus  olhos  encontraram  os  dela. – Dizem que amar é viver, então... vivo porque te amo. – Ele completou com um tom poético em sua voz,  sorrindo. 
    Ela sorriu e seus olhos se encheram de lágrimas. Seus rostos foram se aproximando e, involuntariamente, se beijaram. Ele a abraçou mais forte, querendo nunca mais soltá-la.
sábado, 25 de agosto de 2012 0 comentários

Déjà vu



    Respiro fundo, mantendo meus olhos fixos no além. Minhas narinas tremem e meus músculos faciais estão levemente contraídos. Agora estou imerso na tristeza e no arrependimento. Desesperadamente minha consciência tenta lutar contra esse estado de automutilação interna, porque sei que não fiz a coisa errada. Acho que só me precipitei, pois o choque foi grande e as consequências foram mais duras do que eu esperava.
    Sim, me precipitei. Achei que te dizendo toda a verdade, seria melhor, talvez eu tivesse uma chance ou ao menos, deixasse de passar despercebido. Nunca tive intenção de ir além, não voluntariamente. Sempre fui bem realista, aliás, realista até demais – dizem as más línguas. E também, eu nunca quis isso, juro. Eu havia te dito que iria mudar. Eu tentei, porém meus sentimentos caíram justo na pessoa do qual me deu motivação para ser diferente, ou normal. Eu sempre soube o que você diria, eu sabia qual seria sua reação, mas não imaginei que quando as palavras saíssem de sua boca, seria tão doloroso. Eu lia seus textos sem título no Tumblr, foi o suficiente para saber tudo, e quem preenchia seu coração.
    Agora eu vou me calar, deixar o tempo passar e esperar todo esse sentimento desaparecer de dentro de mim. Tenho que deixar de viver para os outros, e pensar em mim. Não atingirei o sucesso se não fizer isso. Me perdoe por desistir. Só o tempo mostrará a verdade, e quando ela aparecer, não me procure.
    Eu me levanto da cama e inicio minha rotina diária. Sei que ficarei mal por alguns dias, sei que ficarei indisposto para fazer certas atividades necessárias, mas esquecerei. É com essa esperança que prossigo. Meus olhos se fecham expulsando gotas de lágrimas que rolam pelo meu rosto. Calço meus sapatos, e caio na estrada que me levará para longe. Longe de você.
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Minha Dor

De todos os sentimentos,
esse me impressiona mais.
Preenche todos os meus pensamentos.
Abstinência que me satisfaz.

Grossas gotas de lágrimas
rolam pelo meu rosto.
Abafando minha tristeza,
E ocultando a minha dor.

Escolhas, eu fiz
sem pensar nas consequências.
Hoje a dor é uma amiga
que grita em minha consciência.

Confesso, eu mereci.
Tentando acertar,
no buraco, eu caí.
Dor, minha querida, pode me acompanhar.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012 0 comentários

Insônia



    Toda noite tenho seguido o mesmo repertório antes de cair no sono. É algo que acontece com todo àquele que ama alguém. Trancado em meu quarto, apago as luzes e deito. Ao fechar meus olhos, começo a pensar no meu dia, no que fiz e, principalmente em você. Pronto, é nessa hora que se inicia o começo de um longo espetáculo que promete varar madrugada à dentro. Não me queixo, pois a estrela é você, a pessoa mais incrível da face da terra. Deitado, assisto de camarote você brilhar em meus pensamentos. 
    Seu rosto, principalmente, aparece a todo momento estampando o seu lindo sorriso que não me canso de ver em algumas fotografias suas. Seu olhar brilhante e penetrante, irradia intensa ternura, que me envolve e me faz me entregar involuntariamente à você. Seus cabelos dançam junto à brisa suave, que me convidam para entrar no ritmo e balançar ao som da sua voz. De sua boca, saem palavras bonitas, que me confortam e que me deixam completamente perdido nessa paixão que sinto por você. 
    Viro para um lado, viro para outro. Começo a pensar em tudo que você já me disse. Como eu sou apaixonado por tudo isso! Você nunca me feriu com palavras e nem com atitudes ruins. Com esse seu jeito, você sempre me proporcionou um imenso conforto; suas brincadeiras, seu carinho, sempre fizeram eu me sentir especial, mais do que um adolescente certinho. 
    Ajeito o travesseiro várias vezes, mas ele nunca parece estar confortável. Levanto-me e descalço, dirijo-me à cozinha para tomar um copo de água. O relógio no alto da parede aponta duas horas da manhã. Me espanto com o horário e me espanto como você me faz perder a noção do tempo. Volto para cama me perguntando o que você está fazendo naquele momento. Dormindo, é claro. Vou mais além, me perguntando o que você está sonhando. Deve ser com situações que fazem parte do seu cotidiano; talvez de um mundo fictício e secreto ou até – muito improvável e impossível – sonhando comigo, figurante atrás das pessoas “interessantes” que te cercam. 
    Enfim, essa insônia é o desejo de estar junto à você está me deixando ainda mais louco. Louco por você, louco por querer viver o futuro ao seu lado. Louco para te fazer feliz, te abraçar e te beijar. E tudo isso se resume em um sentimento complexo que hesito em admitir: amor. 

Não, eu não dormirei esta noite... E. M., I need you.
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Sonhos

Eu vou sonhar,
pois não posso te ter.
Só posso tocar-te
quando sonho com você.

Em meus sonhos te abraço,
enroscamos como nó de um laço.
Nossos corpos se tornam um
em calorosos toques nu.

Sonho dias,
sonhos noites com você.
Alisando seus cabelos
enquanto assistimos tevê.

Se isso será realidade um dia,
não posso dizer.
Mas enquanto isso, eu continuo
a sonhar, amar e respirar você. 

E. M., I want you.


R. Warbler.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012 0 comentários

Através da monção



    Dessa vez não ficarei calado, terei de lutar. Por que não lutar? Quando abaixei a cabeça e esperei, foi para receber a notícia de que eu não seria feliz. Para que isso de novo? Lutarei, agora é uma questão de honra. À margem do rio eu me preparo para o abate. O rio, esse rio de lágrimas do passado, quando fui tão fraco como jamais imaginei ser. Todas às vezes que perdi uma batalha, foi isso que consegui fazer, chorar como se fosse a última coisa que faria na vida. O contrário dito e feito, mais uma vez estou preparado para outra batalha, que me traz a certeza que estou próximo do fim, o fim dessa guerra que me impede de ter você. 
    Toda vez que eu fechar meus olhos, estarei ao seu lado. Sentados na grama. Àquela grama verde de primavera, assistindo o pôr do sol, abraçados como se fosse a última coisa que faríamos em nossas vidas; à beira de um lago calmo, com patos ziguezagueando nas águas límpidas. A brisa fresca dançará em nossos corpos unidos por um abraço, e dormiremos colados sem hora marcada para acordar. 
    Tudo que eu fizer, será pensando em você. As pessoas duvidarão, assim como você duvida. Estou disposto a fazer de tudo para ter você ao me lado; darei minha vida pela sua se for necessário. Eu te farei feliz, juro. Porque quando amamos uma pessoa, só queremos ver e fazê-la feliz. Eu amo você, amo mais que a mim mesmo. 
    Não importa quanto tempo vai levar, quantos anos, nem a distância. Não importa se for no fim d’O Mundo Mágico de Oz, atravessarei as terras de Nárnia e irei mais além do que Tão Tão Distante. Pode me esperar. As circunstâncias serão como grandes montanhas, e eu as escalarei uma a uma se for preciso. Confie em mim, eu sou mais forte do que pareço. 
    E quando a monção se aproximar escurecendo uma linda tarde de verão, eu a atravessarei para seu encontro. Resistirei à temperatura baixa e a solidão dos céus. Sofrerei pelo sucesso, pelo nosso sucesso. E quando eu te encontrar, vamos para onde você quiser. Serei seu, farei todas as suas vontades. Desde já. Meus planos para o futuro incluem você, apenas você e eu. 

E. M., I want you.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012 0 comentários

Recaída



    Sentimentos são como chuva em uma tarde de verão, simplesmente imprevisíveis. Eles mudam de repente, aparecem inesperadamente ou somem como o sol ao crepúsculo. Estou exausto, desgostoso e insano com tudo que tem ocorrido ultimamente. Ou melhor, com o que aconteceu há pouco tempo. Eu só queria um pouco de paz e sossego, um tempo para mim, meus planos, minhas ambições e sonhos. Nunca havia almejado algo assim em uma época tão difícil como a que enfrentei recentemente. Quando achei que me recuperei, você aparece outra vez para embaralhar meus pensamentos, me deixar de cabeça para baixo e sozinho no meio do nada.
    Não te culpo por isso, ou culpo? Já faz um bom tempo que te conheci e tudo que fizemos foi plantar uma amizade que brotou em pouco tempo, em uma época muito ruim da minha vida. Isso foi excepcionalmente bom. O legal era que nos divertíamos juntos, ríamos sempre, tínhamos uma relação muito diferente, uma relação que não tive nem com meus melhores amigos. Eu gostava, confesso, sinto saudades. Você sabe, fomos nos distanciando pouco a pouco; não sei o que houve, se fiquei chato ou se eu não superava mais suas expectativas. Apaixonei-me, mais uma vez confesso, mas nunca levei a sério porque guardei um sentimento por alguém do qual só me iludiu. Arrependo-me muito disso. Mas do que adiantaria? Você não sente o mesmo por mim, acho que nunca sentiu.
    Mesmo quando estive envolvido com outra pessoa, você nunca deixou de ser o centro dos meus pensamentos, aparecia involuntariamente em meus sonhos. Sempre que trocávamos SMS, eu relia várias vezes todos os seus, mesmo aquelas repletas de besteiróis digitados. Até hoje me flagro voltando a esse passado em que passávamos a madrugada conversando. Diariamente visito seu perfil no Facebook e revejo suas fotos, leio os seus textos no Tumblr, mesmo sabendo que não há nenhum dedicado a mim, leio para saber como você está e o que está se passando nesse seu mundo interior.
    Você nunca me fez mal, pelo contrário, só me fez e me faz bem. Meu semblante muda quando você fala comigo, não importa como eu esteja, derreto por dentro. A noite tempestuosa se cala, abrindo espaço para o brilhante e confortante sol. Tenho sido grosso com você, eu sei, mas é tudo para parecer forte, para ocultar tudo aquilo que estou sentindo. Peço desculpas, pois é muita injustiça com alguém tão especial como você.
    Eu sei, mesmo depois daquela grande decepção, prometi mudar, e prometi a mim mesmo que me afastaria de você. Hoje estou sendo castigado por quebrar minha promessa, por respirar você.

I want you.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012 2 comentários

Grande noite - Parte II



    Eu me arrepio todo e respiro fundo. Ou tento, pois está muito difícil. A pouca luz vinda dos bastidores é consolo para meu nervosismo. Mesmo não vendo, sei que à minha frente estão as tradicionais cortinas vermelhas. Posso ouvir os murmúrios de excitação da plateia, e os passos de quem ainda não encontrou o seu lugar. Com certeza as luzes já se apagaram. Imagino que todos estejam olhando para as cortinas vermelhas esperando o início do espetáculo.
    Eu tento controlar o nervosismo, mas está difícil. Tudo bem, eu ensaiei muito, decorei a letra, estou ciente das ações. Por que eu tinha que me apresentar logo no primeiro ato? Ah, é! Eu sou o protagonista, o que significa que apareço no maior número de atos possíveis; a história gira em torno de mim, assim como parece na vida real. Certo, em poucos segundos as cortinas serão abertas e logo aquele instrumental animado poderá ser ouvido, acompanhado por minha voz, claro.
    Eu não posso errar, não errarei. E todas as vezes que errei sem saber e depois me arrependi? Será que pode ser comparado a um musical esperado que fracassou por causa de um pequeno erro? Agora eu tenho plena consciência dos meus atos, é diferente. Mas será que as pessoas ao meu redor esperavam tanto de mim tanto quanto a plateia espera um grande espetáculo? Acho que sim, pois as consequências foram ruins. Se eu errar hoje, além de perder meu papel, perderei minha credibilidade como artista, do qual lutei com muito esforço durante anos para tê-la. Não terei outra chance em nenhum grupo como este. Serei obrigado a trabalhar como garçom em uma lanchonete qualquer ou cantar em bares que, os clientes frequentes são quarentões solteiros.
    Os erros que cometi na minha vida fora dos palcos não resultaram consequências tão graves como as possíveis, que me impedirão de prosseguir. Pude consertar alguns erros, confesso, outros apenas esqueci. Continuar e tentar outra vez foi a melhor opção; desviar dos caminhos que me levassem a decepcionar uma pessoa foi que escolhi muitas vezes.
    Olhei para meu lado esquerdo, lá estava o produtor com a mão direita erguida e os dedos esticados sinalizando a contagem para o início do espetáculo.
    Cinco, ele indicava os cinco segundos restantes.
    Na maioria das vezes que planejei fazer algo novo, grandioso e maravilhoso, foi tudo estraçalhado e pisoteado pelas circunstâncias e por pessoas egoístas quando coloquei em prática.
    Quatro.
    Abaixei a cabeça e com os olhos semiabertos vi tudo ser destruído sem poder protestar. Oprimido e fracassado mais uma vez. Eu me calei.
    Três.
    Senti raiva de mim e de tudo que aconteceu. Procurei meu erro e minha fraqueza. Refleti no que poderia ter feito de melhor. Me questionei em relação as pessoas que me humilharam sem antecedentes. Permaneci calado.
    Dois.
    Eu me cansei. Sonhei, criei e planejei mais vez. Procurei não errar e não deixar meus pontos fracos à mostra, me preparei para resistir, dizer não e questionar quando não estivesse ao meu gosto. Nunca estive tão forte. Ainda calado.
    Um.
    A mão do produtor se fechou, as cortinas se abriram e uma forte luz se ascendeu sobre mim. A banda começou aquela musica instrumental que conheço bem; a plateia me olhava fixamente. Pessoas elegantes, moças com belos penteados. Meu compasso se aproximou, já era hora de mostrar tudo de melhor que tinha, e não ser oprimido pelo egoísmo, ódio e a inveja. Falei, cantei, gritei!
    A plateia sorria, parecia satisfeita. Eu estava indo bem, senti, pois estava me sentindo bem. Estava me sobressaindo. Pude sentir alguns dos meus sonhos serem realizados, minhas forças crescendo. Minha voz estava firme, as palavras que saiam de minha boca tinham vida própria. Eu estava voando.
    Tudo estava indo muito bem quando ouvi um ruído. Prossegui. O ruído se intensificou e eu tentei continuar. Acordei e desliguei o despertador que indicava que eram sete horas da manhã. Estava novamente em meu quarto, em minha cama, debaixo das cobertas. A luz do sol tentava atravessar a cortina da janela. Me levantei indignado por ter sido um sonho.
    – Bom dia, Pequeno Sonhador! – Disse minha mãe entrando no quarto. Sentado na beira do colchão da cama, dei um aceno com a cabeça em cumprimento.
    Tolo! Recompreendi que sonhar é isso: esperar e fazer o possível para que se torne realidade. Dividir alguns sonhos com pessoas que você goste; ter esperança. Antes sonhar do que viver esperando a felicidade da mais pura e plena realidade.
domingo, 19 de agosto de 2012 0 comentários

Grande noite - Parte I



    A porta de madeira fina abafa a agitação no corredor. Passos apressados para todos os lados, o congestionamento de araras e o ranger agudo de suas rodinhas e,  a tradicional contagem regressiva apressando a preparação. Nada mais e nada menos que o normal para um noite como esta. Parece que não há importância maior do que o melhor empenho no espetáculo. Isso também é normal para uma noite como esta.
    Volto a atenção à mim. Me aproximo do cabide retirando o roupão e pendurando-o nele. Despido, começo a vestir o conjunto social de vestes propostas a mim. Belo terno azul marinho. Me visto lentamente e me encanto com o cheiro bom que esse tecido tem. E esse tamanho, está perfeito. Me olho no grande espelho que está em uma parede no extremo do quarto. Respiro lentamente enquanto admiro minha elegância. Diariamente visto roupas do mesmo porte, mas estou espantado como estou elegante com esta. Sorrio para mim mesmo no espelho.
    Me sento na banqueta com forro de veludo posta à frente de uma mesa. Há um espelho rodeado de lâmpadas acesas embutido na mesa. Me olho novamente no espelho e vejo como minha face e meus cabelos estão disformes à minha roupa. O.k., digo o acrônimo popular a mim mesmo. Começo a passar em minha face inúmeros produtos desnecessários para que minha pele fique lisa, sem manchas e brilho. Odeio usar, mas o efeito é ótimo. Enterro uma de minhas mãos em um pote de gel posto sobre a mesa, depois levo uma quantidade excessiva para meus cabelos. Espalho sobre meus cabelos com a ajuda do espelho para que não fique excesso em canto algum. Pego a escova de pentear sobre a mesa, e faço um peteado tradicional com ela: cabelos deitados para trás com um lustroso topete.
    Pouso a escova de pentear quando o produtor entra pela porta avisando que só faltam cinco minutos.  Ainda não me acostumei com essa invasão repentina. Dou uma última ajeitada na gravata borboleta preta e me dirijo até a porta. Ela permaneceu aberta depois que o produtor entrou e saiu sem olhar para trás. Paro na frente da porta e olho fixamente para as iniciais emolduradas nela: P. S. Sinto orgulho, e prossigo fechando a porta.
    Me embalo pelo caos do corredor, desviando das araras e evitando que outras pessoas trombem um mim. A temperatura do ambiente está baixa, mas a do meu corpo, pode ser considerada uma febre por conta de nervosismo. Eu sei, deveria ter superado isso por conta de tudo que passei e de todo trabalho que tive para estar aqui. Mas isso sempre acontece, pois sei que hoje é o meu momento. Entro na sala que dá origem os "mi, mi, mi, mi, mi, mis" que ouvi de longe no corredor.
    Contendo uma diversidade de instrumentos musicais clássicos e partes de cenários pintados a mão nos cantos, a sala acolhe um grupo de jovens rodeados em um piano negro, os responsáveis pelos "Mi, mi, mi, mi, mi, mis" uníssonos. Aquecimento vocal, lá vou eu.
    Em três minutos fiz o aquecimento e saí da sala. Deslizo pelos corredores até os bastidores do palco. Há pessoas tão elegantes quanto eu. Elas sorriem para mim quando passo, eu tento sorrir de volta. Sou arrastado pelo produtor entre pessoas, cenários desmontados; ele me leva até um lugar frio, pouco iluminado, aparentemente vazio. Me posiciona e sai apressadamente pelo assoalho de madeira. Estou no centro do palco.

(Continua...)
quarta-feira, 15 de agosto de 2012 0 comentários

Meu último texto para você



    É tão estanho isso, mas enfim, está acontecendo. Confesso que me sinto mais leve, muito mais tranquilo com tudo isso. Afinal, não foi eu quem terminou. Se um dia você se arrepender, ou ao menos sentir remorso, culpe a si mesmo. A culpa foi toda sua, mesmo. Really!
    Com uma frase você conseguiu arrancar tudo que eu sentia por você. Você conseguiu me fazer desistir. Acho que você tirou a venda dos meus olhos e consegui ver quem você realmente é. Acho isso muito bom. Você me fez esquecer tudo que eu esperava de um relacionamento imaginário com você. Me fez esquecer tudo que passamos, nossos momentos bons e ruins, nossos "planos"... Me desapaguei daquele sentimento bobo do qual tanto chorei.
    Meus amigos sempre tiveram razão quando diziam que você não era suficiente para mim. É, você me disse uma vez que mereço alguém melhor. Hoje concordo. Você é realmente especial, admito, mas ser especial é pouco para mim. Eu estava delirando. Não acredito que confiei em alguém que nunca confiou em mim, em alguém que é incapaz de sonhar. Disse coisas contrárias? Sim, claro. Não me arrependo, apenas lamento por ter me enganado.
    Prometo cumprir meu papel como "obra-prima". Não é isso que você sempre dizia que eu sou? Farei de tudo para alcançar o sucesso. Posso parecer otimista ao extremo, mas é isso que é sonhar e tornar o sonho concreto. Vou continuar e me dedicar aos meus estudos, a Literatura e a Música. Vou procurar me destacar sempre em tudo que eu fizer, não vou ser perfeito, mas estarei próximo. Juro. Vou me dedicar meus amigos e esperar a pessoa certa para dedicar toda a minha vida. Não sei, mas acho que essa pessoa está bem próxima. Darei tempo ao tempo.
    Não precisa mais perder seu "precioso tempo" lendo os textos desse blog. Não terá mais nenhum dedicado à você. Prometo. Você nunca entendeu, nunca vai entender. Por isso, quebro todos os nosso vínculos, independente de como sejam eles. O único contato que você terá comigo, será quando você visitar uma livraria e comprar um livro de minha autoria. Prometo dedicar um a você, porque você me tornou mais sensível em certos aspectos. Isso me ajudou muito.
    Não pense que sinto raiva, ódio, mágoa ou qualquer coisa parecida por você. Estou super feliz, mas para acabar com tudo isso de uma vez, precisarei manter distância (mais do que a literal). A vida é doce, o sol é uma bola de manteiga (Don't Rain On My Parade). Enfim, adeus.
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Agora ou nunca



    Eu estava na sala de aula quando me decidi. Acordei atrasado e cheguei na escola demasiadamente desarrumado. Mas isso não importa. Dona Creuza - a professora de matemática -, explicava os cálculos de matrizes e suas complicações, o restante da turma abafava fofocas sobre o Facebook e eu, habitualmente, estava pensando em você.
    As longas mangas da minha suéter verde e cinza, escorregavam sobre minhas mãos tapando-as. Meus óculos estavam terrivelmente sujos e eu e com uma imensa preguiça de limpá-los. A minha carteira é a primeira da fileira, eu olhava fixamente para o verde do quadro-negro; meus pés imitavam as batidas da música The Human Condition (Chelsea Grin); eu segurava uma caneta preta com a mão direita. Dona Creuza intensificava sua reza sobre os cálculos do produto das matrizes.
    Foi nesse momento que decidi que tenho que falar com você. Tenho que ser sincero e abrir o jogo. Cansei de escrever textos replicando minha agonia, cansei de te ver online no Windows Live Messenger e não ter coragem nem de te "dizer" um "Oi". Cansei de tudo isso, dessa história mal contada, sem meio e sem fim.
    Terei que tomar coragem, ajeitar a gravata, erguer o topete, respirar fundo e dizer tudo que estou sentindo, mesmo que você me odeie. Eu não tenho outra opção. Afinal, o que eu tenho a perder? Se você não me ama mais, eu terei que esquecer e partir para outra. Eu sei que você ia querer isso... O que eu estou dizendo?! Eu não vou desistir de você, não serei sucumbido pelo seu desamor, porque o meu amor é muito maior. E não importará se você me dizer palavras ofensivas ou dolorosas, pois sei que se eu te conquistar novamente, tudo será melhor. Tudo decidido, vou falar!
    O sinal tocou e eu voltei para meu exterior impassível. Dona Creuza já recolhia suas coisas, assim como o restante da turma. Não hesitei em guardar meu material na mochila. Fiquei de pé e passei a alça transversal sobre meu corpo. Me dirigi para a saída da sala, onde havia um tumulto à porta. Alguns segundos depois, saí de cabeça erguida, decido a conquistar a felicidade ao seu lado.
terça-feira, 14 de agosto de 2012 0 comentários

Desabafo



        Foi tudo tão difícil, principalmente porque passou pouco tempo. No primeiro dia o silêncio foi minha dor, depois, tudo saía para fora como se fossem animais enjaulados sendo libertos. Fiquei triste, muito triste. Confesso que chorei por várias noites, como um bebê que chora quando está com fome. Mais tarde, dei um tempo a mim mesmo, viajei, tentei me distrair, mas tudo que eu só conseguia pensar em você, e em tudo que já se foi. Eu sei que já acabou, mas ainda há algo que me deixa confuso, triste e desorientado. Por mais que eu tente, eu não consigo esquecer, não consigo te esquecer. Tudo que eu queria entender era isso. Por que é tão forte, mesmo depois dessa grande decepção? Raiva de você? Senti, muita. Eu me perguntei o que ele tem que eu não tenho, o que ele faz que eu não fazia? É horrível quando imagino você amando outra pessoa, a dor é cruelmente forte.
         Quantas vezes, trancando em meu quarto escuro, cantei Get It Right (Lea Michele) para você, às lágrimas. Foi tudo que consegui fazer além de apenas pensar em você.
    Meus amigos disseram que não valia a pena sofrer por alguém que não me dava valor, por alguém que não queria saber de mim. Eu tentei ficar firme em relação a isso, mas decepcionei a todos aqueles que prometi não sofrer com isso e esquecer. É impossível esquecer você, nossos planos, nossos sonhos, nosso amor.
        Hoje estou melhor, estou aceitando tudo isso. Tomei decisões e disse coisas momentâneas, coisas da quais me arrependo hoje. Eu não quero você passe o que eu passei; não quero que você sinta o que eu senti. Se você ainda sente algo, por favor não desista de mim, porque eu não vou desistir de você. Não importa quantos “nãos” você vai me dizer, não importa quantas vezes brigarmos, não desistirei. Enquanto essa chama estiver acesa em meu coração eu não vou desistir. Está tudo perdoado, eu te perdoo mesmo que você não me peça perdão. Amar é perdoar, amar é viver e vivo porque te amo. Se você quiser voltar para mim, estarei de braços abertos te esperando.
      Tudo que construímos, nosso planos e sonhos, pareciam impossíveis para você, incertos. Eu sei. Mas eu estava disposto a fazer o possível para sermos felizes, juro. Só queria que você confiasse em mim e esperasse, como eu estou te esperando. Afinal, você não está do outro lado do mundo.
      Apenas queria deixar isso bem claro. Eu não podia mais fingir que acabou, para mim não acabou. Eu não vou desistir de você, porque eu sei que se fosse você em meu lugar, não desistiria, assim como não desistiu outrora. Eu te amo, e não me vejo sem você.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012 0 comentários

Agrura



“Eu não sei mais o que fazer”, esse tem sido meu refrão ultimamente. Explicarei.
É muito difícil explicar a dor que estou sentindo. Porque dependendo do tamanho da decepção, mesmo que você precise desabafar, as palavras fogem da sua mente. Os gestos alegres desvanecem deixando somente lágrimas e solidão. Você perde a vontade de viver, seus planos parecem que vão para o fundo da lata de lixo; você pensa que tudo que foi lindo, não passava de uma mentira disforme. Estou errado? Tenho certeza que não. Se não é assim, é pior. Muito pior.
Era tudo tão bom. Nós nos amávamos intensamente, ambos aceitavam os defeitos um do outro e tínhamos apenas um desejo: ser um só. Sabe o que é viver para outra pessoa, mesmo que seja cedo demais? Foi assim. Parecia que ia ser eterno. Estávamos dispostos a superar todos os obstáculos, tudo para sermos felizes. Pelo menos da minha parte foi isso.
Mas nem tudo é como gente quer, sempre dizia minha mãe. Agora vejo que ser adolescente não é ser adulto e, muito menos, entender coisas de adultos. Porque eu fosse um pouquinho mais maturo, não ia acreditar nesse conto de fadas assimétrico.
Eu só gostaria de saber por que você fez isso. Eu fui uma má pessoa com você no passado, ou agora? Por que faltou com a verdade? Eu mereço esse sofrimento que parece ser eterno e que é mais forte do que eu? Como você pode ser uma pessoa tão desumana?
Eu tento parecer forte, mas é inexplicavelmente difícil. É tão engraçado como uma pessoa muda sua vida. Por causa da minha decepção por uma, eu estou inexoravelmente sem vontade de prosseguir. É incrível como cheguei a esse ponto em tão pouco tempo.
Bem, acho que sou um pouco otimista. Com a ajuda de alguns amigos, tive força para sair da parte mais dolorosa dessa fase. Agora devo esperar pela auto recuperação, porque ninguém pode fazer mais nada.
Talvez um dia você se arrependa. Escreva isso se achar melhor. Sabe, sentirá tudo que senti, passará tudo que passei e chorará tanto quanto chorei. Vai ser tarde, muito tarde. Mas é o que a vida nos dá como lição. Se isso acontecer, espero que passe logo e que você seja muito feliz, como eu serei. Que use isso para amadurecer, como estou fazendo. Simples assim.
sábado, 28 de julho de 2012 0 comentários

Não é só um “eu te amo”



Como expressar tudo o que sinto por você? Não sei. Definitivamente eu não sei. É um sentimento grande e sem limites. Aprendi que palavras não são suficientes para mostrar o tamanho desse amor. Eu me sinto agoniado por não poder te mostrar mais. Já pensei em tudo quanto é tipo de loucura, desde entrar em sua sala de aula dizendo que te amo, até escrever com fumaça no céu. Mas tudo isso é muito pouco.
Já faz um pouco mais de um ano que nos conhecemos, e, parece que foi uma amizade de infância que amadureceu transformando-se em um intenso amor um pelo outro. Foi tudo tão rápido, mas ao mesmo tempo, longo e surreal. Nunca sonhei em presumir que sentiria isso por alguém. E foi logo você, que odiei tanto no começo... ironia, não? Hoje planejamos um futuro, onde seremos apenas nós dois, realizando nossos sonhos profissionais, constituindo uma família, vivendo uma para o outro, amando intensamente como hoje.
Eu não me vejo mais sem você. Mesmo que esteja distante agora, dependo de você para viver. Sério. Você é mais que excepcional, é brilhante, especial, agradável, perfect, suave, inteligente. Você me completa, me alegra, traz paz, conforto, esperança, me leva para um lugar distante desse mundo insano. Você me faz ver que a vida não é só uma simples passagem, e sim um lugar onde podemos impedir que as circunstâncias e a sociedade nos imponham o que ser e que dite o que fazer, podendo amar livremente, intensamente. E é assim que sem hesitar eu te amo, e é assim principalmente, que sempre te amarei.
Só você me suporta. Ah, e como suporta! Você atura minhas chatices, loucuras e as minhas idiotices. Por quê? Bem, tenho uma opinião em relação a isso, mas deixe para lá. É mais ou menos assim: enquanto o céu está desabando sobre minha cabeça por conta do lado mau da minha personalidade, você me abraça e me diz “sim”. Você responde meus SMS por mais idiotas que sejam; você se preocupa comigo e sempre me anima quando estou insatisfeito com algo.  Só você mesmo! You’re perfect, believes.
Enfim, esses são alguns de vários motivos que tenho para te amar. Você é muito especial para mim, minha vida, ar que respiro. Não importa quanto tempo terei que esperar, porque eu não vou desistir da nossa felicidade. Depois de tudo que passamos, nem mesmo nosso maior inimigo hoje – a distancia –, vai me fazer desistir de nós.
segunda-feira, 28 de maio de 2012 0 comentários

Vamos fugir...



É o que eu mais quero neste momento: pegar em sua mão e juntos ir para um lugar distante, onde as circunstâncias não nos oprima.
sábado, 26 de maio de 2012 0 comentários

...



   Escrevo à uma pessoa que conheci a pouco tempo e a toda noite, ela é o centro de meus pensamentos. Ela é um plano futuro, ou não. Não é uma pessoa linda aparentemente, fisicamente, mas ela e seu jeito de ser me chamou a atenção, parou meu mundo.
   Alguns dias antes, estava abalado por uma grande decepção que tive. Não queria saber de ninguém, estava muito triste com uma pessoa do qual eu amei muito, e mais tarde, me magoei. "Você foi o sol após uma noite escura sem a luz do luar", digo a ela em pensamento. Não sei o que vi nela, e nem o que ela viu e mim para se aproximar, foi assim.
   Era apenas diversão, nada além disso. Foi tudo à distância, virtual, apenas na frente de uma câmera embutida no computador. Não vi você como mais uma pessoa do qual conheci jogando "RPG"online, aquela você conversa sobre jogos, mas vi a pessoa que há muito tempo procurava, esperava e sonhava. Contém inúmeras qualidades e defeitos, manias e gostos, um temperamento diferente e que gosta de algo em mim, foi tudo o que considerei perfeito. Isso virou uma sentimento: afeto? É, acho que podemos chamar assim. Vai além do desejo de te encontrar e ter uma relação sem compromisso, apenas por prazer, vai muito mais além. Então, para que você tenha uma noção, eu deixaria tudo de lado, boa parte dos meus planos aqui, minha vida que contruí, amizades, só para ir atrás de você e te conhecer, te fazer feliz, te dar prazer. É tosco, patético, louco... Você não acredita, mas eu faria. Foi tudo em tão pouco tempo, que é difícil de acreditar, você havia me dito uma vez: "...não mandamos no coração. :/".
   Essa pessoa não tem interesse em mim, não quanto eu tenho por ela. Parece que está ligada a outra "do seu mundo". O que me resta é apenas esquecer, sabendo que um dia, essa pessoa vai me procurar. Fica aqui registrado, tudo que senti, tudo que esperei.

R. Warbler.
terça-feira, 8 de maio de 2012 2 comentários

A você, meu legado

   Foi ao crepúsculo de uma terça-feira que abri um caderno etiquetado com seu nome. Ele foi colocado por engano em minha  mochila escolar, e mais tarde em meio a tantas ocupações, vi o caderno bem cuidado, sob meus livros quase para fora da mochila. Então, rapidamente larguei o lápis e puxei o caderno. Alegre e impressionado por ter em mãos algo que pertencia a quem eu prezava mais que tudo em minha vida, percebi que poderia descobrir um pouco mais sobre você, então não exitei em abri-lo.
   A caligrafia era regular, legível e levemente suave. Dançava entre linhas em um ritmo convidativo para que o lesse. Me perdi em suas palavras, nos trechos em que você se expressava de uma forma mais pessoal. Contudo, uma folha de papel dobrada alinhadamente em meio a duas páginas, destacava-se, e rapidamente despertou uma curiosidade em mim de saber o que ele escondia em si. Rapidamente me perguntei o que você diria se soubesse que invadi sua privacidade sem direito algum, mas quando me de por conta, já segurava a folha desdobrada com as duas mãos, pronto para iniciar a leitura.
   Meus olhos deslizaram pela folha de papel por três minutos. Era uma carta e a li duas vezes para poder digerir o que contia. Naquele momento me senti frustrado. A carta referia-se a seus sentimentos por outra pessoa, que jamais te respeitou e te tratou como a pessoa especial que você era. Lívido e com a respiração descontrolada, dobrei a folha de papel, coloquei-a em meio as mesmas páginas que a encontrei no caderno e com desprezo, o fechei.
   Eu estava abalado, e me sentia sem chão. A escuridão tomou o meu ser e eu já não via mais nada de bom em você. Decidi arrancar de mim tudo que havia relacionado a você, então passei a evitar sua presença, deixando apenas um legado. Com ele, eu poderia te esquecer e poder prosseguir minha vida sem dor.

  "MEMORIAL DE LEITURA

   Escrevo como um sentimento morto, que foi destruído pela dor, abandono, traição e por ser desprezado em meio a tanta falsidade.

   A você, deixo primeiramente, a ausência da minha presença. A que era sua distração rotineira, seu sorriso por um simples gesto, a sustentação em meio as suas fraquezas, o cuidado constante e o ombro amigo. Agora a solidão te incomodará e irá te corroer mesmo estando ao lado de várias pessoas.
   Deixo meu silêncio. Será o som ensurdecedor que estará sempre ao seus ouvidos a todo momento quando alguém falar com você ou quando você estiver em seus momentos mais aflitos.
   Por último deixo apenas uma lembrança, a lembrança de que você era feliz, e que tinha alguém que te tratava como alguém muito especial. Em falta disto, você sentirá o desprezo de muitos, mesmo sendo acolhido pelos mesmos. Se sentirá tão inútil e imprestável, quanto lascas de lápis após ser apontado.

   Jazz um sentimento pedante."                                                                                                               
sexta-feira, 4 de maio de 2012 0 comentários

Cinco meses com você




   Já há um bom tempo que te conheço, mas estes últimos cinco meses foram os que marcaram minha vida. No tempo em que eu estive distante, pude perceber quão grande era o sentimento que sentia por você, que ia muito além de uma simples amizade. Sentia sua falta e comecei a entender o porque de um vazio tão grande que ao mesmo tempo, era ocupado por esse sentimento bom e que era inimaginável para mim, até eu perceber.
   Quando te reencontrei, senti um imenso prazer ao estar ao lado da pessoa que tomou meu coração para si e fez dele sua moradia. Era assim que eu te via quando eu te encontrava, "a garota que roubou meu coração". A partir daí, procurei passar mais tempo com você e vivê-los intensamente, com a intenção de fazer com que você percebesse o que se passava dentro de mim. Foram cinco meses de pura adrenalina ao seu lado, me senti muito feliz e algumas vezes, me senti muito triste e inibido, por vê-la nas mãos de outro.
   Nestes cinco meses, pude também amadurecer mentalmente e sentimentalmente. Passei a ver a vida de uma maneira mais alegre e passei a da valor a pequenas coisas boas. Passei a ignorar as opiniões alheias e dar minha atenção somente a você. Todas as minhas atitudes, minhas escolhas eram pensando em você. Procurava sempre te agradar e te fazer feliz, pois era assim que me sentia bem. Passei a viver por você e estava disposto a dar minha vida pela sua.
   Nossos bons momentos juntos foram inesquecíveis para mim. Talvez para você, foram só pequenas horas de descontração, mas foi valioso para mim e irei guarda-los como um tesouro. O seu carinho por mim, alimentou cada vez mais este sentimento tão bom, que por muitas vezes, sinto que será eterno.
    Estes últimos cinco meses, serviram de uma grande experiência de vida, onde conheci a pessoa que tinha certeza que faria parte do meu futuro. E destes cinco meses em diante, quero estar  ao seu lado até o fim da minha vida.