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sábado, 1 de setembro de 2012

{I} Romeu & Violeta




    Tudo começou em uma tarde quente de verão, onde aqueles alunos procuravam uma sombra no pátio do colégio para se refrescar. Podia-se ouvir o dono da lanchonete do colégio anunciar que os picolés e seus diversos sabores haviam acabado, e que só teriam àquelas esfihas gordurentas e refrigerantes quentes. Christian, dois garotos do primeiro colegial e eu jogávamos Uno Cards  sentados em um canto sombreado do pátio, que achamos com muita dificuldade. 
    – Ganhei! – Bradou Christian, batendo sua última carta no montinho de cartas que estavam jazidas no chão, no centro da nossa roda. Os dois garotos do primeiro colegial largaram as cartas no chão, se levantaram e se distanciaram, xingando Christian. – Perdedores... 
    Observei os dois se distanciarem, carrancudos. Até eu fiquei irritado com a vitória de Christian, afinal, já era a quarta rodada que ele havia vencido. Os dois desapareceram e minha visão foi preenchida por uma garota que andava no meio do pátio. Seus cabelos eram negros, sua pele era clara e seus olhos eram grandes e escuros. Uau!, pensei. Nunca havia reparado naquela garota antes, em todos esses anos que estudo nessa escola. Aos meus olhos ela parecia andar em câmera lenta, enquanto acompanhava-a. Duas garotas andavam ao seu lado, elas tinham uma estatura menor que a dela. Sim, ela era um pouco alta. 
    Elas se sentaram em um daqueles banquinhos de madeira, sob o sol quente em um dos extremos do pátio. A garota de olhos escuros no meio. Ficaram conversando e abafando risadas, depois a garota dos olhos escuros tirou um objeto preto e retangular do bolso do jeans. Ah, um celular. Seus lindos olhos escuros se fixaram na tela do celular, junto, os de suas amigas, que rodeavam o aparelho. Mais uma vez começaram a abafar risos. O que será que havia de tão engraçado lá? Àquelas tirinhas dos "memes" no Facebook? Fiquei vidrado no jeito dessa garota, de olhos escuros.
    – Romeu! – Christian me chamou, com o tom um pouco alto. – O que você está olhando? – Ele olhou em direção as garotas.
    – Nada – menti. Ele se virou para mim novamente.
   – Vamos cara, o intervalo acabou. – Ele disse se levantando. Me levantei também e comecei a andar em meio a multidão que seguia para dentro do prédio do colégio.
    Não sei quem é essa garota, mas vou descobrir, pensei. Ela e suas amigas desapareceram na multidão, enquanto eu caminhava ao lado de Christian, pensando em alguma maneira de falar com ela.

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