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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Agora ou nunca



    Eu estava na sala de aula quando me decidi. Acordei atrasado e cheguei na escola demasiadamente desarrumado. Mas isso não importa. Dona Creuza - a professora de matemática -, explicava os cálculos de matrizes e suas complicações, o restante da turma abafava fofocas sobre o Facebook e eu, habitualmente, estava pensando em você.
    As longas mangas da minha suéter verde e cinza, escorregavam sobre minhas mãos tapando-as. Meus óculos estavam terrivelmente sujos e eu e com uma imensa preguiça de limpá-los. A minha carteira é a primeira da fileira, eu olhava fixamente para o verde do quadro-negro; meus pés imitavam as batidas da música The Human Condition (Chelsea Grin); eu segurava uma caneta preta com a mão direita. Dona Creuza intensificava sua reza sobre os cálculos do produto das matrizes.
    Foi nesse momento que decidi que tenho que falar com você. Tenho que ser sincero e abrir o jogo. Cansei de escrever textos replicando minha agonia, cansei de te ver online no Windows Live Messenger e não ter coragem nem de te "dizer" um "Oi". Cansei de tudo isso, dessa história mal contada, sem meio e sem fim.
    Terei que tomar coragem, ajeitar a gravata, erguer o topete, respirar fundo e dizer tudo que estou sentindo, mesmo que você me odeie. Eu não tenho outra opção. Afinal, o que eu tenho a perder? Se você não me ama mais, eu terei que esquecer e partir para outra. Eu sei que você ia querer isso... O que eu estou dizendo?! Eu não vou desistir de você, não serei sucumbido pelo seu desamor, porque o meu amor é muito maior. E não importará se você me dizer palavras ofensivas ou dolorosas, pois sei que se eu te conquistar novamente, tudo será melhor. Tudo decidido, vou falar!
    O sinal tocou e eu voltei para meu exterior impassível. Dona Creuza já recolhia suas coisas, assim como o restante da turma. Não hesitei em guardar meu material na mochila. Fiquei de pé e passei a alça transversal sobre meu corpo. Me dirigi para a saída da sala, onde havia um tumulto à porta. Alguns segundos depois, saí de cabeça erguida, decido a conquistar a felicidade ao seu lado.

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